Por Luciana Genro
Michel Temer completa hoje um ano à frente da Presidência. Posição que ocupa graças a um impeachment ilegítimo, pois jamais chegaria onde está pelo voto popular. A última pesquisa Datafolha o coloca com 2% de intenção de voto. Trata-se de um presidente sustentado exclusivamente pelos interesses das elites econômicas.
A marca deste governo é o ataque aos direitos dos trabalhadores e a corrupção. O ajuste fiscal, que já vinha sendo promovido por Dilma, se intensificou. Joaquim Levy, então no Ministério da Fazenda, foi trocado por Henrique Meirelles, o mesmo que já havia presidido o Banco Central no governo de Lula, numa dança das cadeiras que só visa agradar os mercados.
Temer tem as mãos livres para fazer ataques mais profundos. Será descrito pela história como aquele que tentou desfigurar as proteções sociais previstas na Constituição. Suas “reformas” pretendem destruir a legislação trabalhista e a seguridade social, deixando trabalhadores e aposentados a mercê do mercado e dos patrões.
Ao mesmo tempo o governo Temer está acuado pela Lava Jato. Com 9 ministros investigados, incluindo seu braço direito Eliseu Padilha, o governo tem como única base de apoio um Congresso corrupto e distanciado do povo. A preocupação do sistema político neste momento é barrar a Lava Jato, que já desmontou a cúpula do PMDB no Rio e colocou na prisão grandes empresários. Estes, para se livrar das grades, fazem acordos de delação premiada e entregam todos os esquemas. PMDB, PT e PSDB querem estancar a sangria. Gilmar Mendes é o representante da operação abafa no STF.
Neste cenário a classe trabalhadora construiu uma greve geral poderosa. Junho de 2013 já havia mostrado o poder da mobilização popular e juvenil. No dia 28 de abril, as categorias organizadas, especialmente dos transportes, mostraram que existe disposição para a resistência. Unindo a resistência às reformas e a luta contra a corrupção vamos enfrentar este regime político apodrecido e construir uma nova alternativa. Enquanto o velho agoniza, o novo pode demorar para nascer mas, como cantou Belchior: “O novo sempre vem”.
Luciana Genro é advogada e dirigente do PSOL.