Intolerância em Cachoeirinha: evento é cancelado e religiosos de matriz africana são barrados na Câmara
Intolerância em Cachoeirinha: evento é cancelado e religiosos de matriz africana são barrados na Câmara

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A deputada estadual Luciana Genro (PSOL) foi acionada por religiosos de matriz africana de Cachoeirinha na noite desta quarta-feira (12) devido a um caso grave de intolerância. Dezenas de pessoas que participariam de um evento justamente sobre intolerância religiosa foram barradas de entrar na Câmara de Vereadores da cidade.

Após o ocorrido, Luciana Genro irá ingressar criminalmente no Ministério Público por intolerância religiosa para que o Legislativo da cidade seja responsabilizado. “O evento estava agendado na Câmara, havia sido marcado previamente, e foi barrado já com todas as pessoas presentes aqui, que foram deixadas na rua e ainda por cima recebidas pela Guarda Municipal”, relata a parlamentar.

Roberto Antunes, presidente do Conselho Municipal do Povo de Terreiro, vestia roupas tradicionais e relatou que, embora o evento tivesse sido confirmado durante a tarde, ao chegar na Câmara foi recebido por portões fechados e a Guarda Municipal dizendo que o evento havia sido cancelado. “Não me deixaram entrar para o evento e nem para uma reunião do meu partido que também ocorreria na Câmara, alegando que eu não poderia entrar por causa das vestimentas de religião afro. Então fui barrado duas vezes sofrendo intolerância”, narra Roberto.

Segundo Mestre Lucas, um dos organizadores do evento, uma hora antes do seminário sobre intolerância religiosa começar, a Guarda Municipal chegou e eles foram proibidos de entrar. Pessoas presentes exigiram a presença da presidente da Câmara, vereadora Jussara Caçapava, para explicar o ocorrido.

Após atuar sobre a proibição de entrada na Câmara, Luciana Genro também foi procurada por um integrante do templo Portal Caminhos de Aruanda, que relatou que a casa religiosa sofre perseguição há quatro anos. Mesmo tendo alvarás de funcionamento, encerrando as atividades até as 23h e promovendo atividades gratuitas que beneficiam a comunidade, o templo é alvo de ações judiciais movidas por uma advogada da cidade e reclamações feitas à Guarda Municipal.

“Essa é a realidade do povo que professa as religiões de matriz africana: perseguição, discriminação e intolerância. Isso precisa mudar. Ninguém pode ser impedido de professar a sua fé, muito menos ter sua entrada barrada em uma Câmara de Vereadores e de exercer as atividades do seu templo”, completou Luciana Genro.

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