Luciana Genro conheceu situação da escola, que enfrenta diversas precariedades.
Luciana Genro conheceu situação da escola, que enfrenta diversas precariedades.

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A convite da professora Rita Melo, a deputada estadual Luciana Genro (PSOL) visitou nesta segunda-feira (25/10) a Escola Estadual Indígena Nhamandu Nhemopu’ã, na aldeia Tekoá Pindó Mirim, em Viamão. A instituição conta com 84 alunos, integrantes das 25 famílias que vivem na comunidade indígena Guarani Mbya onde fica localizada, no Parque Estadual Itapuã. Desde 2019, a escola possui Ensino Médio, além de Educação Infantil, Fundamental e Educação de Jovens e Adultos, atendendo estudantes de todas as idades.

Os professores relataram diversas precariedades à deputada, tanto em termos de estrutura física quanto pedagógica e de acesso ao local. “É um descaso muito grande com a comunidade indígena e com a educação por parte do governo”, avalia Luciana Genro. Apenas o pequeno prédio onde ficam os banheiros e duas salas de aula foi feito pelo Estado, enquanto o restante da escola foi doado ou construído pela comunidade, sendo que o prédio da biblioteca era casa de um fundador da aldeia. A biblioteca atualmente está com furos no teto, enquanto na cozinha – que fica dentro de um centro comunitário – o forro desabou. Os professores, então, não têm como realizar suas refeições no período em que estão no local.

A Escola Nhamandu Nhemopu’ã fica a cerca de 50 quilômetros do Centro de Porto Alegre. Muitos de seus professores se deslocam da Capital e chegam a demorar 2 horas de ônibus. Ainda assim, ganham 80% do adicional de difícil acesso, e não 100%. A deputada irá levar o assunto para a Comissão de Educação, convidando o diretor Leandro Moura para falar sobre a situação da escola. Luciana Genro também irá articular a realização de uma audiência pública sobre a situação das escolas indígenas no Rio Grande do Sul. São 90 escolas indígenas em todo o Estado, nas quais estudam mais de 7 mil estudantes.

Forro da cozinha onde professores preparam refeições, em espaço cedido pela comunidade, desabou.

A escola, com três salas de aula pequenas, ainda não conseguiu retomar o ensino presencial. Atualmente, os professores preparam os materiais, imprimem e entregam aos alunos, que podem ir individualmente tirar dúvidas com os professores. “Eles esqueceram das escolas indígenas. Aqui, o pedagógico é sempre pautado com a direção e a comunidade. Mas o governo não tem política específica para as escolas indígenas”, avalia a supervisora Benures Almeida Caselgrandi.

O diretor Leandro Moura relata que a impressão é que “há descaso” com a escola por parte do governo e da Coordenadoria Regional de Educação à qual a instituição está vinculada. “É preciso ter outro olhar com a escola indígena, com quem trabalha aqui. E o descaso é geral com a estrutura e com os professores”, coloca. Os professores também pleiteiam a construção de um prédio que possa abrigar as salas de aula, cozinha, refeitório e setor administrativo, pois atualmente a estrutura funciona de forma precária em várias pequenas construções.

Viamão conta com três escolas indígenas, que têm como objetivo que os estudantes não precisem sair das suas comunidades para estudar. Os professores relataram que os guaranis sofreram preconceitos em outras escolas e alguns chegaram a abandonar os estudos antes da criação da Nhamandu Nhemopu’ã, inaugurada em 2012. Há famílias em que várias gerações estão concluindo o ensino atualmente.

Escola foi inaugurada em 2012 na aldeia Tekoá Pindó Mirim.

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