| Artigos da Luciana

Fala da deputada Luciana Genro (PSOL) na sessão solene que homenageou os trabalhadores da saúde na Assembleia Legislativa, no dia 28.04.2021.

Eu quero saudar os presentes, os que assistem a nossa sessão e em especial os trabalhadores da saúde: médicos, enfermeiros, técnicos, auxiliares, pessoal que trabalha na limpeza, na nutrição, fisioterapeutas. Enfim, um conjunto de profissionais que são fundamentais para que hoje nós possamos estar vivos. Para que muitos de nós tenhamos sobrevivido a pandemia mesmo tendo sido contaminados, mesmo tendo ficado doentes, mesmo tendo ido para uma UTI. 

E a gente ouviu aqui muitas homenagens aos profissionais da saúde, mas eu acho que a gente precisa fazer gestos concretos de reconhecimento ao seu esforço, e ao seu esgotamento nesse momento da pandemia. Nós estamos vendo as vozes políticas reivindicando a abertura e a flexibilização das normas de distanciamento social e sabemos que tudo que os profissionais da saúde mais nos pedem é para que seja reduzida a circulação de pessoas, porque só reduzindo a circulação de pessoas que os profissionais da saúde vão conseguir oferecer uma saúde de qualidade para a população. Porque com UTIs lotadas, com hospitais lotados, não há como dar conta. Os profissionais da saúde estão esgotados, estão completamente esgotados de tanto trabalhar ao longo desse mais de um ano de pandemia. E agora no auge, ainda com UTIs lotadas, nós estamos flexibilizando ainda mais o isolamento social que deveria estar sendo feito.  

Eu quero saber do governo do estado o que ele vai restringir ao permitir a retomada das aulas. Porque se não, nós estaremos incrementando o número de pessoas circulando nas ruas. É preciso que alguma coisa feche, é preciso que alguma coisa seja restrita. Eu concordo que a escola é fundamental, eu quero muito que as aulas sejam retomadas. Mas eu não quero que isso seja feito ao preço de nós sacrificarmos ainda mais os profissionais de saúde, com mais gente sendo enviada para os hospitais, para os postos de saúde.  

Eu quero também me referir aos profissionais do Pronto Socorro, que estão numa situação de muito sucateamento. É fundamental investimento no Pronto Socorro. Eu fui uma das parlamentares que apresentei uma emenda de 200 mil reais para a assistência da Covid no Pronto Socorro. É preciso mais recursos, mais profissionais, concursos públicos para o HPS, porque os profissionais também estão esgotados, e a infraestrutura está cada vez mais sucateada, e os plantões cada vez mais perversos. Plantões que se repetem de 12 por 36 horas, quando deveriam ser de 12 por 60 horas para que os profissionais pudessem ter de fato um tempo de recomposição das suas forças. 

Eu quero também falar dos profissionais da saúde vinculados ao Imesf, que estão numa situação desesperadora, em plena pandemia sendo demitidos. A prefeitura de Porto Alegre está tratando com absoluto desdém os trabalhadores vinculados ao Imesf. Os agentes comunitários de saúde os agentes comunitários de endemias estão desesperados porque inclusive perderam o seu vale-alimentação. Agora há pouco eu tive uma boa notícia que a ação que tramita na quarta turma do TRT foi julgada procedente para recompor o pagamento do vale-alimentação, mas nós ainda temos uma outra ação tramitando na décima turma do TRT 4, que ainda não tem decisão e que é justamente a ação que diz respeito aos agentes comunitários de saúde.  

Então nós precisamos respeitar os trabalhadores da saúde na prática, garantindo a eles condições dignas de trabalhos. Ameaças de demissão, como está ocorrendo no Imesf, cortes de direitos como do vale-alimentação, sobrecarga de trabalho, liberando todas as movimentações e diminuindo o isolamento social, enchendo cada vez mais as UTIs, os postos de saúde de pessoas adoecidas, com o Pronto Socorro sucateado. Isso não é respeito aos trabalhadores da saúde. Não adianta chamá-los de heróis, os trabalhadores da saúde não querem ser heróis. São seres humanos que sofrem, adoecem e estão extremamente estressados com toda essa situação e precisam que o poder público e que os políticos olhem para eles como seres humanos que necessitam ter seus direitos respeitados, necessitam de um salário digno, necessitam ter um mínimo de estabilidade no seu trabalho e necessitam que nós preservemos o máximo possível a restrição de circulação de pessoas para evitar a sobrecarga nesses profissionais tão fundamentais. Viva o SUS, viva o Sistema Único de Saúde, vamos todos nos unir em defesa desses profissionais, em defesa da saúde pública no Brasil. 

Assista o pronunciamento na íntegra: