Foto: Gustavo Mansur / Palácio Piratini
Foto: Gustavo Mansur / Palácio Piratini

| coronavírus

A deputada estadual Luciana Genro (PSOL) enviou nesta segunda-feira, dia 29 de março, um ofício ao governador Eduardo Leite propondo a criação de uma força-tarefa para averiguar a situação de vacinas que estariam deixando de ser aplicadas no Rio Grande do Sul. No domingo, dia 28, o Jornal do Comércio publicou uma reportagem em que afirma, com base em dados oficiais do governo, que quase 40% das doses recebidas pelo estado ainda não foram aplicadas na população.

De acordo com a reportagem, de 2,2 milhões de doses que o Rio Grande do Sul recebeu, 2,14 milhões foram distribuídas aos municípios mas apenas 1,3 milhão foram aplicadas. Com isso, 831,4 mil doses ainda não chegaram aos gaúchos. Ao jornal do comércio, o governo informou que podem existir três razões para isso: a demora no registro das aplicações no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SP-PNI); a reserva para a segunda dose; e dificuldades estruturais das secretarias municipais.

“Precisamos saber o que está acontecendo e ter uma resposta concreta a este problema. Por isso estou sugerindo ao governo que crie o quanto antes uma força-tarefa com servidores capacitados para identificar quais municípios estão com dificuldades, quais são essas dificuldades e de que forma cada uma delas pode ser enfrentada. Não é possível que tenhamos um estoque de vacinas paradas no pior momento da pandemia”, disse a deputada.

Luciana Genro ainda ressalta que a situação de vacinas paradas tende a se agravar, já que há a expectativa de que cada vez mais o estado irá receber contingentes mais numerosos de doses. “De nada adianta toda a pressão que tem sido feita para termos as doses, se elas podem acabar paradas nas unidades de saúde. Se já estamos enfrentando problemas de vazão com menos doses, a tendência, com a aceleração das remessas, é o agravamento do quadro – algo que não podemos permitir em hipótese alguma”, expressou.

Confira abaixo o texto do ofício enviado ao governador:

Porto Alegre, 29 de março de 2021.
Ofício n.o 49/2021-BAN
Objeto: Criação de força tarefa para tratar de atrasos na vacinação.

Exmo. Sr. Eduardo Leite, Governador do Estado:

Reportagem do Jornal do Comércio1 deste domingo (28) apontou que, de acordo com os dados do “vacinômetro” gaúcho, cerca de 39% das doses do imunizante contra a Covid-19 ainda não foram aplicadas. São nada menos que 831,4 mil doses cuja aplicação imediata, sem dúvidas, poderia causar impacto definitivo no cenário de colapso em que estamos imersos.

Na mesma matéria, a coordenadora do Departamento de Atenção Primária e Políticas de Saúde da SES, Ana Costa, aponta como principais razões para as doses paradas (1) a demora no registro das aplicações no SI-PNI, (2) a reserva para a segunda dose e, também, (3) dificuldades estruturais das secretarias municipais.

De acordo com os dados, em Porto Alegre, 65% das doses distribuídas teriam sido usadas. Já em Eldorado do Sul, apenas 3,2% constam como aplicadas. Ou seja, há um claro problema de falta de coordenação que precisa ser imediatamente diagnosticado e enfrentado. Afinal, se a falta de registro não for a principal razão para a alta quantidade de doses que constam como paradas, estaremos diante de uma verdadeira catástrofe logística, algo absolutamente inescusável nesse contexto.

Não basta aventar quais são os possíveis problemas, é necessário um diagnóstico preciso da situação de cada município, de modo que se possa construir uma estratégia para cada caso. Por isso, viemos por meio deste Ofício sugerir ao Governo que construa emergencialmente um força tarefa com servidores capacitados para identificar quais municípios estão com dificuldades, quais são essas dificuldades e de que forma cada uma delas pode ser enfrentada.

O envio das remessas de imunizante tem acelerado, chegando a quase 1,3 milhão de doses em março. A tendência, felizmente, é de que esses números aumentem. De nada adianta, porém, toda a pressão que tem sido feita para termos as doses, se elas podem acabar paradas nas unidades de saúde. Ademais, se já estamos enfrentando problemas de vazão com menos doses, a tendência, com a aceleração das remessas, é o agravamento do quadro – algo que não podemos permitir em hipótese alguma.

O momento de agir é agora. Por isso, reiteramos a sugestão acima apresentada, para V. Exa. use de suas atribuições para proceder à imediata mobilização de uma força tarefa para mapear, classificar e quantificar o fenômeno do atraso em cada município, indicando, em cada caso, qual a ação adequada para garantir a vazão do imunizante.

Saudações cordiais,
Luciana Genro
Deputada Estadual