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Por Luciana Genro

Parte da imprensa insiste em dizer que hoje é dia do TRABALHO. Não é. 1 de maio é dia do TRABALHADOR e da TRABALHADORA, aquele(a) que produz, aquele(a) que é dono(a) apenas da sua FORÇA DE TRABALHO e a vende para aqueles que são os donos das fábricas, empresas, bancos ou a vende para o Estado, no caso dos servidores públicos. Ou ainda a vende para outros indivíduos, no caso dos profissionais liberais. Trabalho é o resultado da atividade do trabalhador e da trabalhadora. A origem deste dia está, inclusive, historicamente  vinculada à luta pela redução da jornada de trabalho, e a morte de oito operários em Chicago depois de uma greve violentamente reprimida.

Feita esta preliminar, é preciso dizer que os trabalhadores e trabalhadoras do Brasil não têm o que comemorar neste 1 de maio. A última pesquisa do IBGE informa que o desemprego no país atingiu a marca dos 13,1% no primeiro trimestre deste ano. São 13,7 milhões de pessoas sem ocupação. É o índice mais elevado desde maio de 2017.

A situação dos desempregados é dramática e pode ser vista nas intermináveis filas em postos do SINE em todo o país. Em Porto Alegre um senhor chegou a desmaiar de fome após horas aguardando na fila por uma oportunidade de trabalho.

Vivemos tempos de reforma trabalhista no Brasil. O governo Temer foi responsável pelo maior ataque à CLT desde o fim da ditadura militar. Conquistas históricas da classe trabalhadora estão sendo distorcidas e flexibilizadas para atender aos interesses do mercado pós-crise capitalista de 2008. A receita neoliberal exige aumento da produtividade pela superexploração da força de trabalho. 

Por isso precisamos observar não apenas os índices alarmantes de desemprego, mas também as condições em que se encontra o contingente de trabalhadores no Brasil. Há um verdadeiro exército de trabalhadores em condições absolutamente precárias no país. Pessoas que, diante da crise e da ausência de empregos, recorrem à informalidade para sobreviver. E trabalhadores que se submetem a subempregos formais com uma renda incapaz de fazer frente às suas necessidades mais básicas.

Em dezembro do ano passado o Brasil contabilizada 92,1 milhões de pessoas empregadas. Sendo que a maior parte – 34,2 milhões – era composta por trabalhadores informais. De acordo com o IBGE, foi a primeira vez na história que o número de pessoas sem carteira assinada superou o total de trabalhadores formais.

Os desafios colocados são imensos. É preciso uma reação forte diante de tantos ataques. A Greve Geral de abril do ano passado expressou a capacidade de mobilização e de resposta da classe trabalhadora numa conjuntura difícil. Mais de 40 milhões de pessoas fizeram o Brasil parar. Uma demonstração de que quando os trabalhadores se movem o sistema entra em colapso. Que este 1 de Maio sirva para lembrar da força da classe trabalhadora unida e da necessidade da mobilização por  um programa real de transformações para o país.