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| Educação Popular

Aula pública do Emancipa na UFRGS, em defesa da educação pública. | Foto: Arquivo

O Emancipa é um movimento nacional de educação popular. No Rio Grande do Sul, foi fundado em 2011 pela ex-deputada Luciana Genro e desenvolve diversas atividades – todas gratuitas.

O eixo do Emancipa é a oferta de um cursinho pré-universitário a jovens e adultos em situação de vulnerabilidade social. As aulas preparam os alunos para o vestibular e o ENEM. Desde 2011 o Emancipa já ajudou mais de 500 estudantes a ingressarem na universidade.

Aula inaugural do Emancipa no Centro de Porto Alegre, com o time de professoras e professores. | Foto: Arquivo

No Rio Grande do Sul o Emancipa realiza projetos de educação popular em Porto Alegre, na Região Metropolitana e no Interior, em cidades como Gravataí, Novo Hamburgo, Guaíba, Pelotas e Charqueadas.

Além disso, desenvolve uma iniciativa pioneira no país: o Emancipa Mulher, um projeto de educação feminista e resistência antirracista. A iniciativa, exclusiva para mulheres, foi idealizada por Luciana Genro e é coordenada por ela em conjunto com Winnie Bueno, Joanna Burigo e Mariana Riscali.

Neste ano o Emancipa ainda inaugurou uma casa na Restinga, um dos bairros mais carentes de Porto Alegre. No local ocorrem as aulas do cursinho pré-universitário e outras atividades – todas gratuitas e voltadas exclusivamente à população da Restinga.

Nesta reportagem mostramos um pouco mais sobre os projetos do Emancipa em todo o Rio Grande do Sul. Confira!

As atividades do Emancipa no Rio Grande do Sul

Para Luciana Genro, fundadora e atual presidente do Emancipa, a experiência de fundar e dirigir uma ONG “é muito estimulante,  pois vemos um resultado muito concreto do nosso trabalho”.

Ela conta que sempre se emociona quando um ex-aluno do Emancipa relata como o cursinho foi importante na sua vida: “Hoje temos inclusive ex-alunos que são nossos professores e outros tantos que estão na universidade e sempre comparecem nas nossas aulas inaugurais para relatar a experiência e incentivar os novos alunos.”

Aula do Emancipa na Restinga, com o professor Cilas Machado. | Foto: Arquivo

Coordenador do Emancipa, o professor Rodrigo Nickel informa que cerca de 700 pessoas estão envolvidas com as atividades da organização no Rio Grande do Sul neste ano de 2017. As atividades vão desde os cursinhos pré-vestibulares, aulas de preparação para o Ensino Médio, alfabetização e projetos de práticas esportivas.

A intenção é que as próprias pessoas envolvidas em suas comunidades atuem na linha de frente das iniciativas. “Uma das nossas premissas é a construção coletiva das atividades, estabelecendo coordenações em que podem participar todas as pessoas que atuam efetivamente”, explica Rodrigo.

Em Gravataí, o jovem professor de artes marciais Ruan Martins coordena as atividades esportivas do Emancipa. Na cidade de Pelotas, na Região Sul do estado, Mateus Oliveira é responsável pelo cursinho pré-universitário. Em Charqueadas as atividades são supervisionadas por Gabriel Oliveira e, em Novo Hamburgo, por Felipe Ventre.

O curso de alfabetização de jovens e adultos oferecido pelo Emancipa é coordenado pelo professor Marcus Vianna em Porto Alegre e por Líbia Aquino em Guaíba. Na Casa Emancipa Restinga, os voluntários Cris Machado, Cilas Machado e Marcelo Rocha organizam as atividades – além do mestre Fabian Tubino, que oferece aulas de Muay Thai aos jovens da comunidade.

Casa Emancipa Restinga: um espaço de acolhimento à comunidade

Casa Emancipa Restinga foi inaugurada no dia 4 de junho e oferece aulas do cursinho pré-universitário. Foto: Arquivo

As periferias vivem uma situação de abandono nas grandes cidades. Os investimentos que chegam aos bairros centrais sempre são mais precários nas comunidades afastadas.

O bairro Restinga fica no Extremo Sul de Porto Alegre. É um dos mais populosos e também mais empobrecidos da cidade. Foi justamente lá que o Emancipa inaugurou uma casa aberta à comunidade.

A Casa Emancipa Restinga foi aberta no dia 4 de junho e oferece um cursinho gratuito de preparação ao ENEM e ao vestibular a cerca de 60 jovens da comunidade. Além disso, o mestre Fabian Tubino coordena as aulas de Muay Thai no espaço.

Cris Machado é uma das coordenadoras da casa e explica que o local está à disposição dos moradores da Restinga para realização de projetos de cunho social. “Já estamos em contato com professores de dança, cabeleireiras, maquiadoras, pedagogas, rappers e outros músicos para novas oportunidades de atividades para a comunidade”, informa.

Por um feminismo que tenha centralidade na questão racial

Na Emancipa Mulher, turmas formadas exclusivamente por mulheres são orientadas por Winnie Bueno e Joanna Burigo. | Foto: Arquivo

No dia 29 de abril deste ano ocorreu a aula inaugural da Emancipa Mulher. O projeto idealizado por Luciana Genro oferece um curso de formação feminista e resistência antirracista em Porto Alegre. A iniciativa é totalmente gratuita e voltada exclusivamente a mulheres.

Uma das coordenadoras do projeto é a ativista Winnie Bueno. Ela destaca que os principais objetivos da iniciativa são “capacitar mulheres com conhecimentos robustos sobre raça, classe e gênero a ponto de que elas mesmas sejam capazes de problematizar como o racismo e o sexismo afeta suas vidas e de suas comunidades”.

As aulas ocorrem sempre aos sábados, com duas turmas fixas. Mas novas adesões ocorrem a todo momento. A ideia é que o processo de envolvimento das cursistas seja livre, sem qualquer trâmite burocrático.

Winnie explica que a metodologia de ensino prioriza o envolvimento ativo das cursistas. “O ponto chave é a ideia de que todas aprendem, todas ensinam e todas são capazes de compartilhar conhecimento. Cada módulo tem uma estrutura própria, que se organiza conjuntamente com as cursistas e com a realidade objetiva do curso”, pontua.

Esther Grossi cedeu espaço no GEEMPA para as aulas da Emancipa Mulher. | Foto: Arquivo

Joanna Burigo também é uma das coordenadoras da Emancipa Mulher, junto com Winnie e Mariana Riscali. Ela informa que as aulas já trataram de temas como o histórico dos movimentos de mulheres e da luta do povo negro e a relação entre mercado de trabalho e corporalidade. “Ainda vamos tratar de questões de masculinidades, representação de mídia e saúde da mulher”, avisa.

Militante do movimento de negras e negros, Winnie comenta que as exposições em aula muitas vezes provocam tensionamentos. “A compreensão sobre o que significa a intersecção entre raça e gênero no cotidiano de cada uma é de fato desconfortável. A proposta de centralizar raça nas discussões implica em racializar aquelas que nunca são racializadas, as brancas, e isso não é natural, isso é contra-hegemônico. Estamos nos propondo a questionar a branquitude de dois lugares, do lugar das mulheres negras e do lugar das mulheres brancas”, resume;

Para Luciana Genro, “a Emancipa Mulher é um esforço no sentido de colocar a questão racial no centro da discussão feminista”.

Veja mais fotos das atividades do Emancipa no Rio Grande do Sul:

 

Aula do Emancipa em Pelotas. | Foto: Arquivo

Emancipa em Charqueadas – Aula inaugural. | Foto: Arquivo

Aula do Emancipa em Guaíba. | Foto: Arquivo

Aula inaugural do Emancipa em Novo Hamburgo. | Foto: Arquivo

Projeto de alfabetização de adultos do Emancipa. | Foto: Arquivo