Protesto em Brasília em junho de 2013
Protesto em Brasília em junho de 2013

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Por Luciana Genro

O Brasil comemora hoje sua independência. É incontestável que nosso país deixou de ser uma colônia e este foi um progresso no desenvolvimento histórico nacional. Nos anos 30 foi onde este processo encontrou seu maior salto. Mas a conquista da independência nacional sempre foi insuficiente e há muito tempo o país necessita da ascensão de novas forças sociais e políticas para poder realmente conquistar um novo patamar de desenvolvimento e condições dignas de nota para seu povo.

A independência no Brasil se desdobrou na ascensão do poder e na dominação da burguesia nacional, que foi substituindo as oligarquias tradicionais, os setores rurais e escravocratas. Mas a burguesia brasileira não realizou plenamente uma revolução democrática e nacional. Arrastou sempre em seu desenvolvimento a mentalidade das forças do Brasil colônia. Seus laços com o imperialismo jamais foram rompidos e o desenvolvimento autônomo do capitalismo não existiu – como ocorrera, por exemplo, com os EUA, que conquistou sua independência via o método da mobilização de massas e da revolução contra a Inglaterra.


Apesar de incompleto, o desenvolvimento de um capitalismo dependente e subdesenvolvido trouxe a industrialização e a urbanização – e seu produto: uma imensa e jovem classe trabalhadora. É esta classe trabalhadora que tem construído o Brasil, além de ferramentas sindicais e políticas. Ela que tem se organizado e lutado para que a maioria tenha uma vida boa. Infelizmente, assim como a burguesia não rompeu jamais com as forças que expressavam o mundo da colônia, se consolidando como classe reacionária e incapaz de conduzir um verdadeiro progresso social, lideranças oriundas das classes trabalhadoras aceitaram também se aliar com a burguesia, se convertendo em burocracias privilegiadas ligadas ao mundo burguês.

Neste dia em que o Brasil comemora sua independência, é hora de lutar por uma segunda independência, em que o país não fique submetido mais ao sistema financeiro, aos oligarcas da indústria, associados com o capital internacional e com as empreiteiras corruptoras, que exploram nosso povo e assaltam o patrimônio público em associação com parasitas políticos.


É claro que nesta luta, quando temos um governo ilegítimo, corrupto e defensor de um plano de ataque ao povo, o mínimo que se pode demandar é a realização de eleições presidenciais. Ao mesmo tempo, não deixaremos de aproveitar o momento das eleições municipais para tentar conquistar o poder local das prefeituras em cidades que podem se converter em polos de resistência, onde o combate contra as medidas que o PMDB e Temer planejam para submeter ainda mais ao país aos interesses da minoria da nação possa ser combinado com a destinação de recursos municipais para beneficiar o povo mais pobre e necessitado.