A Rádio Guaíba promoveu mais um debate entre os candidatos à prefeitura de Porto Alegre nesta terça-feira (13/09), no tradicional estúdio na esquina da Rua da Praia com Caldas Júnior. Ao longo de quase três horas, a candidata Luciana Genro, da coligação “É a vez da mudança” (PSOL, PPL, PCB), fez questionamentos, respondeu comentários e apresentou propostas para áreas importantes da cidade, como mobilidade urbana, educação e combate à corrupção.
Na abertura, pontuou que Porto Alegre “tem oportunidade histórica de mostrar que é possível fazer política diferente, de mãos limpas, sem loteamento partidário e com serviços de qualidade para quem mais precisa”. Ela ainda demarcou posição quanto ao modo que pretende governar a cidade. “Temos uma aliança em torno de um plano de governo, o mais completo entre os apresentados, com diagnósticos e propostas. Construimos um programa de mais de 200 paginas de propostas para Porto Alegre. Não fazemos alianças para ter tempo de TV. Nunca nos aliamos com PMDB do Cunha, Temer ou Sartori”, afirmou.
Ao responder sobre sustentabilidade, Luciana afirmou que a administração pública precisa dar o exemplo e ter a iniciativa de instalar tecnologias em prédios públicos. “Tivemos recentemente o escândalo no DEP, onde chegamos à constatação de que o dinheiro público não era bem gasto. Depois, gestores dizem que não têm recursos para fazer esses investimentos. Há sim, mas há muito recurso sendo desperdiçado nas obras por falta de planejamento e fiscalização, dando origem a desvios. Quero incrementar os mecanismos de combate à corrupção”.
Ainda no segundo bloco, Luciana Genro debateu sobre educação infantil e lembrou que nenhuma mãe deveria deixar de trabalhar ou estudar por não ter onde deixar seu filho. “É preciso investir na educação infantil, pois criança fora da escola, já nos primeiros anos, também atrapalha o desenvolvimento cognitivo e sua educação no futuro. Eu quero fortalecer e ampliar a oferta de vagas na rede própria de escolas infantis e qualificar a rede conveniada”, disse.
Questionada sobre transporte público, Luciana lembrou da luta do PSOL contra a licitação promovida pela prefeitura, que manteve as mesmas empresas e resultou no aumento da tarifa. “Desde 2004, a passagem cresceu 30% acima da inflação. Faremos auditoria na planilha de custos das empresas pra ver se os valores batem com a realidade”. A candidata ainda afirmou que pretende diversificar modais, incentivando o transporte hidroviário. Citou o caso da Ilha da Pintada, onde o transporte pelo Guaíba iria reduzir o tempo de deslocamento e sugeriu ainda aproveitar os 75km de orla para ampliar as possibilidades de transporte entre os extremos da cidade.
No último bloco, Luciana apontou o combate à corrupção como saída para aumentar os investimentos do poder público. “Tenho propostas pé no chão e sabemos que Porto Alegre não está quebrada, como o Estado, e pode investir e melhorar a vida das pessoas. Esse processo de corrupção nacional está disseminado e aqui também acontece. Tenho 30 anos de vida pública, com as mãos limpas, e me comprometi em ter tolerância zero com a corrupção. Faremos auditorias que passarão a ter transparência, pois hoje não são públicas. Também vou formar um comitê externo de especialistas para acompanhar e fiscalizar obras, contratos e serviços”.
Em sua última intervenção, Luciana abordou o tema da segurança pública e criticou o baixo orçamento municipal para a área, enquanto o governo do estado não disponibiliza efetivo policial suficiente e o governo Dilma cortou o orçamento para programas de prevenção e combate à violência. “Eu vou fazer um governo ativo na prevenção da criminalidade. Teremos uma Guarda Municipal maior, melhor e mais preparada e equipada, articulada e conectada com a comunidade através de aplicativos e alarmes comunitários, além de envolver a EPTC e seus agentes na fiscalização da violência urbana, além de atuarem na Balada Segura de Verdade, não apenas para multar, mas para cuidar das pessoas”.
Ao despedir-se, Luciana agradeceu o espaço e apontou os contrastes entre as quatro principais candidaturas. “Temos a continuidade do atual governo, representada pelo candidato Melo, que deixou a cidade nesta situação dramática, com saúde precária e educação sucateada. Temos também propostas de candidatos que partidos estiveram no governo e que se apresentam com mudanças pontuais e ainda o retorno a um projeto que já governou mas que não tem mais capacidade de liderar um projeto para mudar a sociedade, porque o PT já não é mais o mesmo e se adaptou a um modelo que foi cooptado. Minhas propostas são de construção de um novo campo político. Nos queremos a partir de Porto Alegre constituir uma nova política, de mãos limpas e que possa envolver a população num governo de mobilização da sociedade”, finalizou.