Por Luciana Genro
Hoje é o dia dos pais, e queria aproveitar para contar um pouco sobre a minha relação com meu pai, sempre objeto de muita curiosidade e perguntas: Vocês se dão bem? Discutem política? Vais votar nele? Ele vota em ti?
É natural a curiosidade. O nosso caso é inédito. Ele, um político famoso, respeitado, foi ministro, é governador e candidato a reeleição. O comum é que a filha fosse sua seguidora, braço direito, aliada incondicional. Mas não é bem assim. E não ser assim é o que faz a beleza da nossa história. Em 2003 quando ele era ministro do Lula eu saí do PT e iniciei a construção do PSOL. Meu falecido avô Adelmo, pai do meu pai, escreveu na ocasião: “Ela puxou ao avô, não lambe o prato que cuspiu!” Ele fazia alusão ao fato de que eu não aceitava as mudanças que se operavam no PT, que se juntou a Sarney e outras figurinhas outrora repudiadas pelo partido.
Hoje sou candidata a Presidência da República pelo PSOL e meu pai candidato a reeleição pelo PT. Meu voto para governador é de Roberto Robaina, candidato do PSOL, que por coincidência é pai do meu filho, Fernando, de 26 anos. O voto do meu pai deve ir para Dilma.
Mas nada disso nos afasta. Foi meu pai quem me ensinou a pensar com a minha própria cabeça, a lutar pelo que acredito e, principalmente, a não fazer da política uma carreira mas sim me mover por ideias. Se fizesse da política uma carreira, estaria mais bem acomodada no PT, usufruindo das benesses do poder. Nosso amor superou os estereótipos comuns e nos une na diversidade. Esse é o amor mais bonito que se pode construir!