Ontem participei do debate Tributação e justiça fiscal, promovido pelo Instituto Justiça Fiscal em Porto Alegre, com o deputado Raul Pont, o ex-governador Germano Rigotto e o professor Marciano Buffon. Levei as propostas do PSOL de mudanças na estrutura tributária do Brasil, extremamente injusta, regressiva e concentradora. Compartilho com vocês dados que expus, que me foram fornecidos pela Maria Lúcia Fattorelli, coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida Pública.
BRASIL: MODELO ECONÔMICO EQUIVOCADO voltado para a concentração de riqueza e renda
- 7ª ECONOMIA MUNDIAL
- 3ª Pior distribuição de renda do mundo
- 85º no ranking de respeito aos Direitos Humanos – IDH
- Penúltimo no ranking da Educação (Índice Global de Habilidades Cognitivas e Realizações Educacionais)
- 128º no ranking do crescimento econômico
MODELO TRIBUTÁRIO INJUSTO E REGRESSIVO
- Carga tributária concentrada em tributos incidentes sobre o consumo e a renda do trabalho, enquanto as grandes rendas e riquezas são aliviadas
- Pessoas Físicas: Ausência de Progressividade; defasagem na atualização da tabela do IRPF; impossibilidade de deduções relativas a pagamentos de outros tributos, medicamentos, moradia etc.
- Pessoas Jurídicas: Dedução de “Juros sobre o Capital Próprio”: ficção e privilégio
- Isenção de Imposto de Renda sobre a distribuição de lucros e remessas ao exterior
- Isenção de Imposto de Renda sobre os ganhos dos estrangeiros com títulos da dívida interna e isenção de IOF para rentistas estrangeiros
- Isenção de ICMS e outros tributos para os exportadores (danos aos estados com a Lei Kandir), além de incentivos fiscais
- Não regulamentação do Imposto sobre Grandes Fortunas
- Não incidência do IPVA sobre helicópteros, jatinhos, lanchas e iates
- Tributação reduzida sobre heranças e doações
- Reduzida tributação do ITR, beneficiando a acumulação de terras e latifúndios
- Incentivos fiscais equivocados: obras da Copa e obras no exterior
- Benesses tributárias e anistias a multinacionais, seguradoras e bancos (MP-615 MP-627)
- Desoneração do INSS
Quem financia o Estado?
- Consumo e Renda do trabalho: 52%
- Patrimônio: 4%
- Renda do Capital: 15%
- Outros (INSS): 29%
Orçamento geral da União (executado em 2013)
- Juros e amortização da dívida: 40.30% ou seja 718 bilhões
- Educação: 3,7%
- Saúde: 4,2%
- Transporte: 0,59%
- Gestão ambiental 0,19%
- Segurança pública: 0,40%
Quem são os beneficiários da dívida interna:
- 47,24% bancos nacionais e estrangeiros
- 11,32% investidores estrangeiros
- 12,84% fundos de pensão
- 17,77% Fundos de investimento
- 4,58% fundos administrados pelo governo
- 3,13% seguradoras
- 3,12% outros
MODELO TRIBUTÁRIO INJUSTO E REGRESSIVO
SISTEMA DA DÍVIDA
METAS ESTÉREIS
- Superávit Primário
- Inflação
MODELO ECONÔMICO EQUIVOCADO
DESCONTROLE SOBRE A MOVIMENTAÇÃO DE CAPITAIS
- Falta de controle de capitais, câmbio flutuante
- Abertura comercial irrestrita, provocando desindustrialização
- Remessa de lucros com isenção tributária, provocando danos às finanças nacionais
- Incentivo a operações com paraísos fiscais e sonegação
DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO TRAVADO
- Insuficiência de investimentos em educação, saúde, transporte
- Impedimento à realização da necessária reforma agrária
- Prioridade à exportação de produtos primários, com impressionantes riscos ambientais
PROPOSTAS ALTERNATIVAS AO MODELO ECONÔMICO EQUIVOCADO
MODELO TRIBUTÁRIO
- Respeitar os princípios tributários: capacidade contributiva; progressividade; isonomia; universalidade; essencialidade
- Rever as injustiças e distorções. Tributar fortunas, heranças, latifúndios, rentistas, distribuição de lucros e remessas para o exterior, bens supérfluos e de luxo, exportações. MP para acabar com a dedução dos juros sobre o capital próprio e retornar a tributação progressiva do IRPJ, com adicionais.
- Fortalecer a Administração Tributária
SISTEMA DA DÍVIDA
- Auditoria da dívida interna e externa
- Redução dos juros
- Revisão do cálculo das dívidas dos estados refinanciada pela União
- Determinação de investigação dos indícios de ilegalidades apurados na CPI da Dívida
- Enfrentamento do indício de fraude no art. 166 da Constituição
SUBSTITUIR AS METAS ESTÉREIS
- Fim do Superávit Primário
- Controle inflacionário mediante redução de tarifas e preços administrados e redução do preço de alimentos mediante revisão da política agrícola
INTRODUZIR METAS CONCRETAS
- Atendimento prioritário às urgentes necessidades do povo brasileiro em serviços de SAÚDE, EDUCAÇÃO, MORADIA, SEGURANÇA, ASSISTÊNCIA, EMPREGO, TRANSPORTE
- Pagamento da dívida social
- Aumento dos investimentos produtivos e em tecnologia, gerando oferta de produtos e serviços que atendam às demandas sociais, e criando oportunidades de emprego
- Incentivo à agricultura familiar e à economia solidária
- Investimentos concretos em transporte ferroviário e energia limpa
MOVIMENTAÇÃO DE CAPITAIS
- Estabelecer mecanismos de controle
- Tributar remessas de lucros e demais ganhos ao exterior
- Proibir operações com paraísos fiscais
- Proibir negociação de produtos financeiros sem lastro
DESTRAVAR O DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO
- Priorizar investimentos em educação, saúde, transporte, ciência e tecnologia, saneamento
- Recuperar os ganhos dos aposentados e pensionistas, e o patamar do salário mínimo
- Realizar a necessária reforma agrária
- Cobrar os investimentos que deixaram de ser cumpridos em energia, comunicações e demais setores privatizado
- Aumentar a articulação dos países latino-americanos pondo fim à atuação sub-imperialista que beneficia somente a grandes empresas privadas brasileiras, onerando o BNDES e gerando dívidas ilegais e ilegítimas
COMBATE AO SISTEMA DA DÍVIDA em âmbito regional
Reforçar a implantação do Banco do Sul e demais providencias inseridas no projeto de Nova Arquitetura Financeira Regional – NAFR
Aprofundar o debate sobre a criação de Tribunais Internacionais Justos e Transparentes
Rever a utilização do dólar das transações internacionais
EQUADOR: Lição de Ética e Soberania
Comissão de Auditoria Oficial criada por Decreto
- Em 2009: Proposta Soberana de reconhecimento de no máximo 30% da dívida externa representada pelos Bônus 2012 e 2030
- 95% dos detentores aceitaram a proposta equatoriana, o que significou anulação de 70% dessa dívida com os bancos privados internacionais
- Economia de US$ 7,7 bilhões nos próximos 20 anos
- Aumento gastos sociais, principalmente Saúde e Educação