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Ao me definir como “Filha de Tarso” no título de sua matéria, Rosane de Oliveira explora indevidamente uma relação familiar. Mas isso é um detalhe perto do editorial “Quem criminaliza?” da ZH do mesmo dia que começa assim: “É desconcertante a defesa que a ex-deputada Luciana Genro faz dos jovens indiciados pela Polícia Civil por supostos delitos praticados durante manifestações de rua em Porto Alegre, no ano passado. Seu primeiro argumento, mesmo diante do inquérito policial encaminhado à Justiça com imagens e depoimentos sobre uma depredação fartamente documentada, é utilizar a surrada acusação de que estão tentando criminalizar os movimentos sociais.”

Primeiro equívoco: “Estão criminalizando os movimentos sociais” é uma frase surrada sim, pois esta prática é antiga, mas não é um argumento. É uma conclusão diante do indiciamento dos militantes do PSOL e do PSTU, que são inocentes. O argumento é que o inquérito é vazio de provas, e isso será demonstrado. O argumento é que o PSOL e o PSTU nunca endossaram, não incentivaram e nem defenderam ações isoladas e violentas e ambos os partidos tem por política lutar para mobilizar multidões, o que, aliás, vem sendo extremamente difícil desde que alguns decidiram por conta própria realizar ações de quebra-quebra. Os dirigentes do PSOL e do PSTU não atuam contra os objetivos do partido, por isso o inquérito é uma criminalização do movimento, pois eles são indiciados não por terem participado do quebra-quebra mas por serem lideranças e organizadores da luta.

Segundo equívoco: o fato do inquérito documentar fartamente a depredação, não significa que a participação dos indiciados esteja documentada. A depredação ocorreu mas não há “farta documentação” demonstrando que os militantes do PSOL e do PSTU participaram dela. Nem poderia haver, pois eles não participaram.

Terceiro equívoco: Diz o editorial: “Além disso, sempre é bom lembrar que as investigações foram acompanhadas pelo Ministério Público e feitas com autorização judicial. Será que também essas instituições estariam criminalizando os grupos organizados que participam de manifestações?” A verdade é o inquérito policial é uma peça unilateral da polícia. O Ministério Público vai se pronunciar depois, assim como o judiciário, que não autoriza a polícia a investigar, pois esta não precisa de autorização, a não ser para a busca e apreensão. É possível sim que estas duas instituições também entrem na onda criminalizatória, mas espero que não. Por enquanto a responsabilidade é da Polícia.

Este é apenas o meu primeiro desabafo. Voltaremos a falar disso tudo. Segunda feira faremos uma entrevista coletiva do PSOL e do PSTU para demonstrar o absurdo destes indiciamentos.

Zero Hora, 15/03 – Coluna da Rosane Oliveira:

Filha de Tarso critica a polícia

Advogada do militante Lucas Maróstica, um dos sete indiciados pela depredação do Palácio da Justiça em um dos protestos do ano passado, a ex-deputada Luciana Genro (PSOL) acusou a polícia de estar “criminalizando os movimentos sociais”.

Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, a filha do governador Tarso Genro questionou a atuação da polícia, disse que conhece o inquérito e que não há provas contra os indiciados.

Luciana colocou em dúvida a isenção do chefe de Polícia, Ranolfo Vieira Jr., lembrando que ele será candidato a deputado estadual pelo PTB.

Na mesma linha de Luciana, a presidente do PSTU, Vera Guasso, abraçou a tese da criminalização dos movimentos sociais e garantiu que não há provas contra os dois militantes do partido indiciados pela Polícia Civil.

15 de março de 2014 | N° 1773

EDITORIAL ZERO HORA 15/03

Quem criminaliza?

É desconcertante a defesa que a ex-deputada Luciana Genro faz dos jovens indiciados pela Polícia Civil por supostos delitos praticados durante manifestações de rua em Porto Alegre, no ano passado. Seu primeiro argumento, mesmo diante do inquérito policial encaminhado à Justiça com imagens e depoimentos sobre uma depredação fartamente documentada, é utilizar a surrada acusação de que estão tentando criminalizar os movimentos sociais.

Quem estaria fazendo isso? Seria a polícia do governo Tarso Genro? Ora, o governador teve o cuidado de receber lideranças dos movimentos e tem sido criticado pela passividade da Brigada Militar cada vez que ocorre uma manifestação de rua no Estado.

Quem criminaliza os movimentos sociais, todos sabem disso, são os vândalos que se infiltram nas manifestações e abusam da violência. Quem criminaliza as mobilizações de manifestantes bem-intencionados são aqueles que quebram vidraças, lançam artefatos explosivos, depredam veículos e se aproveitam da multidão para agredir e roubar.

Se os jovens indiciados pela polícia fazem parte desse grupo delinquente, caberá à Justiça dizer. Pode ser que alguns ou até mesmo que todos sejam inocentes. A investigação policial pode ter as suas falhas. Difícil de acreditar é que tenha motivação política, não apenas pela conhecida orientação do Executivo a respeito dos movimentos sociais, mas principalmente pela capacitação e pela idoneidade dos policiais que comandam a corporação. Além disso, sempre é bom lembrar que as investigações foram acompanhadas pelo Ministério Público e feitas com autorização judicial. Será que também essas instituições estariam criminalizando os grupos organizados que participam de manifestações?

Acreditamos que tanto o governador quanto a polícia estadual, o Ministério Público e o Judiciário têm a mesma visão em relação ao episódio, que pode ser resumida numa frase: sim aos movimentos sociais, não aos delinquentes.