A briga da Polícia Civil com o Ministério Público Estadual está funcionando como cortina de fumaça para que não se enxergue o mais importante. Está evidente que a Polícia apressou-se em concluir o inquérito e errou. Estive ontem na coletiva do MP, e as razões apresentadas por eles são muito contundentes. Mas também me impressionou o empenho da procuradora Lucia Callegari e do subchefe do MP, procurador Delmar Pacheco da Luz, em inocentar Eliseu. Ela disse que Eliseu “tomou medidas enérgicas contra a empresa Reação”, mas esqueceu de dizer que essas medidas só foram tomadas depois que o escândalo veio a público. O dr. Delmar insitiu na abertura do encontro em que não se pode fazer uso “político partidário” do crime, mas quando um jornalista perguntou à procuradora o que ela quis dizer quando afirmou que Eliseu tinha “informação privilegiada” sobre a corrupção na Secretaria da Saúde, o procurador Eugênio Amorim respondeu que a investigação deles não era sobre a corrupção e que portanto não poderiam falar sobre o tema, Delmar Pacheco da Luz pulou. Apressou-se em dizer que não paira nenhuma dúvida da inocência do secretário em relação à corrupção na Secretaria. E fez, assim, exatamente o que disse que não deveria ser feito: uso político partidário. Mas como assim? A investigação do MP não foi sobre a corrupção na Secretaria, mas sim sobre o assassinato do secretário, como então afirmar que ele era inocente num tema que não foi objeto da investigação? Pode ser que ele realmente tenha sido morto por que acabou com o esquema, mas também pode ser que ele tenha sido morto por que se beneficiou do esquema e depois traiu seus comparsas, quando o escândalo veio à tona. Assim como também pode ser que o prefeito Fogaça nada soubesse, mas também é possível que ele tenha se beneficiado do dinheiro desviado. Eu tenho a minha opinião sobre essas questões, mas o que a sociedade gaúcha quer não são opiniões, nem as minhas e nem as dos procuradores. Quer é a verdade. A verdade não só sobre a morte do secretário Eliseu Santos, mas a verdade sobre os esquemas de corrupção que aconteceram na Secretaria da Saúde durante a gestão de Eliseu Santos, durante o governo de um dos que pretende governar o Rio Grande do Sul. Já são dois os esquemas que vieram à tona: a propina paga pela Reação ao assessor do secretário e os desvios do Instituto Sollus, escolhido por Eliseu para gerir os postos de Saúde da Família. Esses são fatos. Que o secretário morreu por causa de um deles também já é evidente. Falta apurar as responsabilidades, dele, e principalmente do então prefeito Fogaça. Por isso a CPI na Câmara de Vereadores é imprescindível.
Olhando além da cortina de fumaça