Uma dica de leitura: o livro de Ronald Aronson “Camus e Sartre – O polêmico fim de uma amizade no pós guerra”.
Albert Camus, o escritor franco-argelino autor do famoso “A Peste”, entre muitos outros belos livros, e Jean Paul Sartre, intelectual francês que dispensa apresentações, se conheceram em 1943, durante a ocupação alemã da França e foram aliados na luta pela libertação. Camus era o editor do jornal clandestino Combat e em agosto de 1944, em plena insurreição contra a ocupação, pediu a Sartre uma reportagem que descrevesse a agitação das ruas. Deu a Sartre a oportunidade de um engajamento mais concreto na luta pela libertação. E assim nasceu uma intensa troca intelectual e uma profunda amizade. O livro de Aronson busca contextualizar as razões que levaram a ruptura dos amigos e aliados políticos, no contexto da Guerra Fria. Eles tomaram direções opostas. Camus viu o comunismo como a pior ameaça à humanidade às vésperas da Guerra Fria, e Sartre veio a aliar-se ao comunismo (por um período) contra o capitalismo ocidental. No livro de Aronson, a história da amizade e ruptura de Camus e Sartre é um belo pano de fundo para a compreensão daquele período pós-guerra, e das consequências que a polarização URSS-EUA trouxe aos intelectuais e ativistas da época. Consequências que se fazem sentir até hoje.