Excelente registro histórico do jornalista norte-americano Michael Meyer sobre os acontecimentos que mudaram o mundo em 1989. “1989 – O ano que mudou o mundo” relata os bastidores dos acontecimentos que nossa geração assitiu pela televisão, e talvez não tenha tido, na época, sua total dimensão. Na Polônia, Meyer acompanhou o renascimento do sindicato Solidariedade, cujo líder, Lech Walesa, viria a ser presidente. Na Hungria, o primeiro “furo” na cortina de ferro. Em Praga, Tchecoslováquia, ele esteve com Vaclav Havel, também futuro presidente daquele país quando aconteceu a Revolução de Veludo. Assistiu, ainda, a execução do ditador da Romênia Nicolae Ceausesco. Mas o momento culminante foi a queda do muro de Berlim, em 9 de novembro de 1989, que Meyer assistiu do lado leste da fronteira, e se juntou aos alemães que dançavam no alto do Muro da Vergonha.
Os acontecimentos de 1989 deixaram profundas marcas na esquerda de todo o mundo. Muitos lamentaram a “morte do socialismo”, mas outros tantos, como eu, viram naqueles acontecimentos a rebelião de um povo cansado da opressão e da miséria, em um sistema que nada tinha em comum com a idéia generosa do socialismo de Marx, Lênin e Trótsky. Em busca de liberdades democráticas e do fim da penúria econômica, esses povos acreditaram que o capitalismo era o caminho, pois do socialismo só conheceram uma grotesca imitação. O livro de Michael Meyer nos conduz às entranhas desse processo, fornecendo elementos para que cada um chegue às suas próprias conclusões. A mais evidente, contrariando os profetas do capitalismo, é que a história não acabou.