Jornal do Comércio, 31 de julho de 2009
Jornal do Comércio, 31 de julho de 2009

| Saiu na Imprensa

Geraldinho estreia na Câmara em agosto

Suplente de Luciana Genro, que conquistou 7.698 votos, representa Viamão Foto: JOÃO MATTOS/JC

Suplente de Luciana Genro, que conquistou 7.698 votos, representa Viamão Foto: JOÃO MATTOS/JC

O afastamento da deputada federal Luciana Genro (P-Sol) levará à Câmara dos Deputados o primeiro suplente do partido, Geraldo Henriques Filho. Ele chega a Brasília com apenas 7.698 votos, 26 vezes menos do que a titular, que fez 185.071. Garante, no entanto, que não se sente constrangido em assumir a vaga. “É uma situação tranquila e muito mais confortável do que no caso de um suplente de senador, que entra sem voto”, compara.

Conhecido como Geraldinho, o deputado tem 37 anos, é formado em Ciências Contábeis e é dono de uma clínica de odontologia. Natural de Porto Alegre, mudou-se para Viamão aos nove anos. “Sou viamonese com orgulho, adotei a cidade”, conta.

O envolvimento com a política começou na adolescência, através do movimento estudantil. O primeiro cargo veio em 2004, quando conquistou uma vaga na Câmara Municipal de Viamão, pelo PT. No ano seguinte, desligou-se do partido e participou da fundação do P-Sol no Rio Grande do Sul. Em 2006, concorreu a deputado federal, ficando na primeira suplência. Em 2008, disputou a prefeitura da cidade.

Luciana ficará afastada da Câmara dos Deputados por quatro meses, em licença não remunerada que começa neste sábado. Ela irá se submeter a um procedimento ambulatorial e ficará cinco dias em repouso. O restante da licença será usado para tratar de assuntos pessoais no Rio Grande do Sul.

Nesta entrevista ao Jornal do Comércio, Geraldinho fala de seus planos para o curto mandato, salientando que sua estreia representa também a de Viamão, que nunca teve deputado federal. Ele sonha em estender a linha do metrô de Porto Alegre até o seu município.

Jornal do Comércio – Qual será a sua missão neste período em que atuará na Câmara dos Deputados?
Geraldo Henriques Filho – Primeiro, substituir a deputada Luciana Genro. Segundo, representar Viamão, que nunca teve um deputado federal em seus 268 anos de história. Há uma grande expectativa na cidade. As pessoas me encontram na rua e apresentam demandas as mais variadas.

JC – Quais o senhor destaca?
Geraldinho – Temos o metrô como uma das principais reivindicações, pois um dos grandes problemas dos viamonenses é se deslocar até Porto Alegre para trabalhar. Ao dia, são 80 mil pessoas que precisam fazer este trajeto e o preço da passagem é caro. Temos que colocar isso na pauta da União e do Estado. Também temos um manancial de águas muito rico. Mas, pelo complexo da Corsan, que tem captação no rio Gravataí, somos o último a receber a água, que primeiro passa por Gravataí, Alvorada e Cachoeirinha. Quando o sistema não aguenta, é Viamão a primeira onde falta água e a última cidade onde ela volta. Queremos inverter esta lógica, trazendo a captação para a Lagoa dos Patos, para tratá-la em Viamão.

JC – O que será possível fazer em quatro meses de mandato?
Geraldinho – Fiz um trabalho de vereador muito atuante em Viamão. Conseguimos acabar com o voto secreto dos vereadores, o que é uma chaga inclusive no Congresso Nacional, pois o político tem a obrigação de mostrar para o eleitor qual é a sua posição em relação aos projetos. Vamos bater muito na questão da transparência. Sabemos que há grandes projetos na pauta, como a questão do veto aos 16% de aumento dos aposentados. Esta será uma oportunidade para cobrarmos coerência e transparência dos deputados que aprovaram o acréscimo.

JC – Qual é a sua relação com Brasília?
Geraldinho – Estive lá algumas vezes. No movimento estudantil na década de 1980, e como vereador, para apresentar pleitos de Viamão.

JC – O senhor acredita que está legitimado para assumir o posto, mesmo com a baixa votação?
Geraldinho – Com certeza. É uma situação tranquila e muito mais confortável do que no caso de um suplente de senador, que entra sem voto. A questão do Senado tem que ser questionada. Além de ser uma casa de escândalos, no sistema bicameral, não pode atuar apenas como uma casa revisora.