Folha de S. Paulo, 26 de junho de 2009
Folha de S. Paulo, 26 de junho de 2009

| Saiu na Imprensa

Cresce pressão de senadores por saída de Sarney

Senadores subiram ontem à tribuna para defender o afastamento de José Sarney (PMDB-AP) da Presidência do Senado. O primeiro a pedir o afastamento foi o também peemedebista Pedro Simon (RS), que afirmou que a saída de Sarney não significaria “autoculpa”, mas um “ato de grandeza”.

“O presidente Sarney deve se afastar. Para o bem dele, de sua família, de sua história”, disse. “Antes que a saída dele fique insustentável”, complementou.

Simon disse que, como presidente da Casa, Sarney não pode responder questões do “neto, do mordomo, do diretor que ele criou e manteve por 14 anos”, referindo-se às revelações feitas nas últimas semanas.

Foram na mesma linha de Simon os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP), Marisa Serrano (PSDB-MS) e Cristovam Buarque (PDT-DF). “Estamos precisando arrumar a casa. Agora, ele tem que pensar na instituição”, afirmou Serrano.

Demóstenes Torres (DEM-GO) afirmou que o presidente do Senado deve se afastar de investigações internas sobre responsabilidades nos casos dos atos secretos. Na próxima semana, o DEM decide se pede o afastamento do senador.

Outros senadores, como Heráclito Fortes (DEM-PI) e Wellington Salgado (PMDB-MG), defenderam que Sarney permaneça no cargo. Para Salgado, Sarney não deixou de tomar as medidas necessárias para apuração dos fatos referentes aos atos secretos mesmo estando no cargo de presidente. Paulo Duque (PMDB-RJ) subiu à tribuna para ler uma nota em defesa do neto de Sarney, José Adriano Cordeiro Sarney.

Representações

Tentando partir para a ação, o PSOL preparou três representações contra os últimos presidentes do Senado -José Sarney, Garibaldi Alves e (PMDB-RN) e Renan Calheiros (PMDB-AL)- para averiguar os atos secretos, mas decidiu só entregá-las ao Conselho de Ética da Casa na próxima semana.

Parte da bancada prefere garantir um número maior de assinaturas do requerimento de uma CPI antes de entrar com as representações. Até o final da tarde, só havia duas assinaturas, de um total de 28 necessárias. O Conselho de Ética do Senado, que deveria estar formado desde março segundo norma da Casa, ainda não está composto. A Secretaria Geral da Mesa afirmou que nem todos os partidos entregaram as indicações para o conselho, mas se negou a informar quais eram os partidos.