Zero Hora, 3 de março de 2009
Zero Hora, 3 de março de 2009

| Saiu na Imprensa

Yeda confirma reajuste de até 10,9% para Segurança
Pagamento a servidores será feito já na folha de março

Em clima de desabafo contra críticas da oposição ao seu governo, a governadora Yeda Crusius confirmou ontem uma lista de ações positivas em educação, emprego, infraestrutura, irrigação, saúde, segurança pública e habitação. Uma das medidas de maior relevo foi o reajuste salarial de até 10,9% a 53,5 mil servidores da Segurança a partir da folha de março.

Dependendo da categoria, os percentuais variam entre 1,8% e 10,9% e incidem sobre o vencimento básico (veja no quadro). Os reajustes foram previstos por uma lei estadual de 2004 que obriga o aumento salarial desses profissionais quando há incremento de receita combinado com redução de despesas. Entre os principais beneficiados, estão os soldados e comissários de polícia. Ficaram de fora os delegados de polícia que não aceitaram a inclusão na legislação aprovada no governo Germano Rigotto (2003-2006).

Acompanhada do secretariado, a governadora também comentou denúncias de corrupção do PSOL, apresentadas sem provas. Yeda reclamou que suspeitas sobre a compra de sua casa foram novamente levantadas e isso ganhava manchetes nos jornais. O Ministério Público Estadual arquivou a investigação sobre o caso.

– Por que de novo? Será que o Rio Grande do Sul tem cultura e tradição golpista? Juntando uma direita golpista com uma esquerda pseudorrevolucionária? Então, a minha indignação é total como pessoa – relatou a governadora.

Em tom contundente, Yeda considerou as denúncias “requentadas”, “desrespeitosas” e “agressivas”.

– Por que interessa a eles (PSOL) requentarem isso? Cheira a uma tradição golpista de uma minoria das minorias que compõe o Estado. Eu pessoa e nós governo queremos investigação até o limite. Mas ela já foi feita – afirmou Yeda.

Na solenidade, a governadora garantiu que a Secretaria Estadual da Transparência terá a missão de acompanhar e responder sobre o tema recorrente, que “envergonha o Rio Grande do Sul”:

– A população do Rio Grande do Sul não aguenta mais. Há muitos chegas.

Governadora fará novo giro nacional

Agora, a estratégia para levar aos gaúchos notícias positivas do Executivo é uma campanha em rádio, TV e outdoors. Semanalmente, Yeda e seus secretários apresentarão aos gaúchos qual é a ação positiva da semana. Outra mudança é a agenda mensal da governadora que estará disponível com antecedência. Conforme ela, “ninguém atrapalhará essa agenda”.

Para fazer a publicidade, Yeda pretende contratar antecipadamente os espaços até 31 de dezembro, garantindo um custo menor. A ideia é evitar que gaúchos se influenciem pela onda de denúncias contra a administração. Sem dar detalhes, ela garantiu que fará um novo giro nacional para mostrar conquistas estaduais.

A oposição disse que se frustrou com o anúncio, uma vez que esperava um Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) estadual:

– A única novidade é a realização de uma potente campanha publicitária para tentar convencer a população gaúcha de que tudo vai bem – disse o líder da bancada do PT na Assembleia, Elvino Bohn Gass.

ROSANE DE OLIVEIRA

Esquerda e direita
Como as medidas anunciadas ontem pela governadora Yeda Crusius já eram conhecidas por meio de informações de seus secretários, o fato mais relevante do seu monólogo no Palácio Piratini foi a manifestação sobre as denúncias do PSOL a primeira em duas semanas. Yeda não deu a entrevista programada, mas usou um terço do tempo para falar do que chamou de tema requentado das denúncias de corrupção.

Referindo-se às acusações, que chamou de “desrespeitosas e agressivas”, perguntou:

– Por que de novo, se o Ministério Público provou que foi idôneo (compra de sua casa)? Será que o Rio Grande do Sul tem cultura e tradição golpista? Minha indignação é total. A quem interessa este requentado?

Depois, disse que é vítima de uma “extrema direita golpista” e de uma “esquerda pseudorrevolucionária”. Se alguém tinha dúvidas de quem é a “esquerda pseudorrevolucionária” e a “direita golpista”, seus próprios assessores se encarregam de esclarecer: ela se refere ao PSOL e ao vice-governador Paulo Feijó, do DEM (ex-PFL).

Além das conhecidas desavenças entre Feijó e a governadora, o núcleo do governo está convencido de que ele tem participação direta nas denúncias. A “inteligência do Palácio Piratini” apurou que, na véspera da coletiva em que o PSOL apresentou as denúncias de supostas irregularidades na campanha eleitoral de Yeda, o vereador Pedro Ruas teria permanecido até as 2h no Palacinho, no gabinete do vice.

Naquele mesmo dia, Feijó enviou ao Piratini um comunicado anunciando que iria para Punta del Este. Do Uruguai, o vice não quis se manifestar sobre as denúncias.

Pedro Ruas disse que seus encontros com Feijó são públicos, mas que jamais ficou até altas horas da noite ou mesmo fora do horário comercial no Palacinho, como apurou o “serviço de inteligência”.

Aliás
Mesmo se dizendo indignada com as denúncias do PSOL, Yeda Crusius não anunciou ação judicial contra Luciana Genro e Pedro Ruas: apenas reafirmou a confiança no Judiciário e no MP.