Correio do Povo, 6 de março de 2009
Correio do Povo, 6 de março de 2009

| Saiu na Imprensa

MPF atesta não existir processo contra Aod Cunha
Documento responde a indagação do ex-secretário citado nas denúncias do PSol

O Ministério Público Federal (MPF) liberou ontem certidão em resposta a pedido de informações protocolado pelo ex-secretário estadual da Fazenda Aod Cunha. O documento, assinado pela coordenadora jurídica substituta do MPF, Cristiane Ribeiro, informa que ‘não foi encontrado registro de procedimento administrativo/processo judicial criminal em âmbito do Estado do Rio Grande do Sul’ contra Aod Cunha.

A resposta recebida das mãos do procurador-chefe da Procuradoria da República no RS, Antônio Carlos Welter, entusiasmou o advogado Gabriel Magadan porque, conforme sua interpretação, descarta envolvimento de Aod em qualquer ilícito e desmente as denúncias do PSol. ‘Aod está aliviado e viajará mais tranquilo para os Estados Unidos’, disse. No entanto, Magadan admite que seu cliente possa eventualmente ser citado ou estar em alguma das supostas gravações. ‘Ainda assim, não comprova envolvimento dele em ilegalidade’, reforça.

As fitas, conforme o PSol, estão em Brasília, em instância superior ao MPF do RS. Magadan pode ingressar com ações civil e criminal contra o PSol.

PSol mantém as mesmas denúncias

O teor da certidão do MPF foi interpretada por integrantes do Psol de forma diferente da feita pelo advogado do ex-secretário da Fazenda Aod Cunha, Gabriel Magadan. De acordo com o vereador e advogado Pedro Ruas, o MPF ficou no limite permitido por processos que correm em sigilo. ‘O Aod recebeu o atestado de idoneidade que precisava para levar para a universidade’, sintetizou. Ele afirmou que o documento não desmente, em nenhum momento, a denúncia feita por seu partido de que Aod Cunha participou de reuniões onde eram repassados recursos de empresas para formação de caixa 2 na campanha de Yeda Crusius em 2006.

A deputada federal do PSol, Luciana Genro, também entende que a certidão não contraria as denúncias. ‘Se o Aod quer a verdade completa, deve entrar com representação em esferas superiores, onde correm processos que envolvem pessoas com foro privilegiado’, desafia.

Polícia do DF decide quebrar sigilo de e-mails de Cavalcante

A Polícia Civil do DF pediu a quebra do sigilo dos e-mails do ex-chefe da representação do Rio Grande do Sul em Brasília, Marcelo Cavalcante, e de pessoas próximas a ele. Ao mesmo tempo, o pai do ex-assessor, Antônio Cavalcante, e o irmão, Marcos, que depuseram ontem, se disseram indignados com Magda Koenigkan. Segundo eles, a viúva não informou a família sobre mensagens que revelariam o estado emocional de Marcelo. ‘Poderíamos ter evitado o pior’, disse Antônio, que admite a ideia de ação contra Magda.

Protógenes pede apoio a Barack Obama

Em carta ao presidente Barack Obama, o delegado da Operação Satiagraha, Protógenes Queiroz, pede atenção aos HDs apreendidos na casa de Daniel Dantas e enviados aos EUA para perícia. ‘Contamos com a sua vigilância e seu apoio para que os processos de avaliação e divulgação dos dados contidos nos 12 discos rígidos em poder da CIA não sejam obstruídos’, afirma, destacando que os dados podem revelar ‘corrupção no Brasil’.

Stela dá parecer contrário ao veto

A deputada Stela Farias (PT), presidente da Comissão de Serviços Públicos, deu ontem parecer contrário ao veto da governadora Yeda Crusius ao abono das faltas do magistério e dos servidores de escola do Murialdo e da Polícia Civil. O parecer não foi votado na Comissão por falta de quórum e o veto será apreciado pelo plenário no dia 10 de março, conforme acordo no Colégio de Líderes. O Cpers organiza uma paralisação para essa data a fim de possibilitar aos professores a assistirem a votação em telões instalados nas escolas públicas estaduais.

Advogado de Lair confirma visita

O advogado Lúcio Constantino confirmou ontem que o empresário Lair Ferst esteve realmente com a viúva do ex-representante do RS em Brasília, Marcelo Cavalcante. Segundo Constantino, Lair visitou Magda Koenigkan ‘assim como fizeram outras 40 pessoas’. Ele não explicou as razões do encontro. Afirmou apenas que Lair prestou solidariedade à viúva de Cavalcante.

Constantino afirmou também que deseja evitar que a Polícia Federal gaúcha misture as investigações sobre a morte de Marcelo Cavalcante com a Operação Rodin. Na sua visão, as investigações da Rodin estão concluídas pela Justiça.

Ontem, depôs um amigo de Cavalcante, Nelton Coelho Barros, conhecido como ‘Careca’. Ele foi, segundo a Polícia Civil do Distrito Federal, a última pessoa a ver o ex-assessor com vida. Barros disse ter passado sobre a ponte Juscelino Kubitschek por volta das 14h do dia 15. ‘Buzinei, ele me cumprimentou friamente, estava com a cabeça baixa e triste’, afirmou.

Barros relatou estar do lado da ponte contrário ao do amigo. Ao retornar, segundo ele, cerca de 20 minutos depois, encontrou apenas o carro de Cavalcante.

TALINE OPPITZ

Mais uma
Depois do Cpers, e do PSol, ontem foi a vez de movimentos estudantis lançarem a campanha Fora, Yeda. Com faixas e rostos pintados, os estudantes realizaram ato na Assembleia. Como não cruzaram com deputados aliados, pediram que o presidente da Casa, Ivar Pavan, entregasse à governadora o ‘remédio para a crise política’: uma caixa de medicamento genérico contendo uma passagem de ônibus para São Paulo, terra natal de Yeda.

Apartes
Audiência pública para discutir o Plano Diretor de Porto Alegre, realizada ontem à noite, na Câmara Municipal, foi quente e deu indicativo do tom em que ocorrerão os debates em torno do tema este ano.

Debate sobre o Pontal é acirrado

O plenário da Câmara de Vereadores teve suas galerias lotadas para a audiência pública realizada ontem à noite sobre o projeto Pontal do Estaleiro. A reunião, aberta à população como uma etapa necessária de discussão da proposta, levou para o Legislativo municipal dezenas de representantes de entidades, a maioria contrária à efetivação do projeto do Pontal do Estaleiro, enviado pelo prefeito José Fogaça no início de fevereiro.

Além das faixas e cartazes, a audiência pública se caracterizou por debates acalorados. Pelo menos 30 representantes da comunidade tiveram o direito de falar na tribuna, além dos vereadores. O coordenador do Fórum de Entidades, Nestor Nadruz, disse que a implementação do projeto fere o Plano Diretor. Ele sugeriu que a integração entre o Guaiba e a população deve ser feita através de parques e áreas de lazer, não de espigões. Em favor do projeto, Lauro Rossler, que integra o Conselho do Plano Diretor e é morador do bairro Cristal, disse que não suporta mais ver aquela área do estaleiro como se fosse um lixão. ‘Acho que a proposta devolve, sim, a orla à comunidade’, destacou.

O momento mais tenso foi a discussão entre vereadores. Haroldo de Souza (PMDB) reclamou da atitude de Mauro Pinheiro (PT) e de Sofia Cavedon (PT) que viraram as costas durante a fala de Elias Vidal (PPS). ‘Vidal estava desrespeitando os representantes da população com seu discurso’, justificou Pinheiro.

Ulbra não define os pagamentos

A Ulbra não definiu prazo para o pagamento dos salários atrasados dos funcionários. Os trabalhadores ainda não receberam os vencimentos de janeiro nem a segunda metade do 13º salário. O assunto foi debatido ontem por mais de três horas em reunião na Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam), na Câmara Municipal de Porto Alegre.

Com a sala lotada por trabalhadores, representantes de sindicatos questionaram a inexistência de um cronograma de pagamento. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do RS (Sindisaúde), João Menezes, afirmou que a falta de informações complica os debates. ‘Desde agosto, estamos tentando o diálogo. Queremos participar da solução da crise na Ulbra, mas a constante ausência da reitoria impede os avanços’, destacou.

O diretor do Sindicato Médico do RS (Simers), Neio Lúcio Fraga Pereira, apontou que a crise está fazendo o plano Ulbra Saúde perder associados, agravando mais a situação financeira. A representante da Federação dos Empregados em Estabelecimentos de Serviço de Saúde no RS (Feessers), Heliege Missel, destacou que o não-comprometimento da instituição com seus funcionários torna mais difícil a construção de uma solução. O representante da Ulbra, André Viana, afirmou, porém, que a crise da universidade está sendo analisada e que os acertos devem ser realizados com cada categoria, não em conjunto.