Correio do Povo, 5 de março de 2009
Correio do Povo, 5 de março de 2009

| Saiu na Imprensa

PSDB nacional denuncia Luciana ao Conselho de Ética
Tucanos querem punir a deputada por ter acusado Yeda Crusius sem provas

As denúncias do PSol, de suposto envolvimento de integrantes do governo Yeda Crusius em desvio de dinheiro público, ganharam o cenário nacional. Dizendo-se incomodado com a atitude do PSol, que classifica de leviana e irresponsável, o líder do PSDB na Câmara dos Deputados, José Aníbal, entrou com representação contra a deputada federal Luciana Genro (PSol), no Conselho de Ética da Casa. Alegando que Luciana abusou das prerrogativas parlamentares, Aníbal pede punição para a deputada, podendo resultar inclusive em cassação do mandato. ‘Ela acusa a governadora a partir de supostas provas que instruíram inquéritos e processos judiciais em andamento e sob segredo de Justiça’, afirmou.

O pedido do deputado será encaminhado ao corregedor da Câmara, deputado Antônio Magalhães Neto (Dem-BA), para elaboração de parecer sobre a procedência da representação. O parecer será submetido aos demais integrantes da Mesa.

Luciana poderá ser alvo também de ação judicial movida pelo senador Sérgio Guerra, presidente do PSDB nacional. Guerra se diz atingido pelas denúncias da deputada, de que ele teria participado de reunião com a governadora Yeda Crusius e o ex-representante do governo gaúcho em Brasília Marcelo Cavalcante, poucos dias antes de sua morte.

Em Porto Alegre, o governo do Estado também decidiu reagir contra as ações do PSol. Por determinação da governadora, o secretário estadual da Transparência, Otaviano Brenner de Moraes, deverá acompanhar as investigações do Ministério Público Eleitoral. O governo solicitou também audiência ao procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza.

Deputada diz que tucanos não têm interesse em provas

A deputada federal Luciana Genro (PSol) reagiu ontem com indignação à representação do deputado José Aníbal (PSDB) junto ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Em nota, a parlamentar voltou a atacar o PSDB: ‘O mais incrível neste partido é que a eles não interessa a verdade. Deixaram claro na representação que não lhes interessam as provas, querem é calar o PSol e permitir que a governadora Yeda siga saqueando os cofres do Rio Grande do Sul’.

Em outra nota, os presidentes do PSol gaúcho, Roberto Robaina, e do nacional, Heloísa Helena, reafirmaram as denúncias feitas por Luciana e a existência das provas. A maior delas, diz o PSol, já apareceu: ‘A omissão do governo é uma confissão de culpa.’ Na mesma linha, Luciana encerra sua nota fazendo uma provocação: ‘Se a governadora está sendo caluniada pelo PSol, porque, na condição de maior interessada, não pede para que o Ministério Público Federal abra o sigilo desse processo?’.

Hoje à tarde, a direção do PSol recebe em Porto Alegre o delegado da Polícia Federal (PF), Protógenes Queiroz, ex-coordenador da Operação Satiagraha. A ação da PF resultou na prisão do banqueiro Daniel Dantas e na investigação de irregularidades do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta (PTB).

PF vai convocar Lair para depor

O superintendente da Polícia Federal (PF) no Rio Grande do Sul, delegado Ildo Gasparetto, disse ontem que poderá ouvir o depoimento do empresário Lair Ferst sobre a morte do ex-chefe da representação do Rio Grande do Sul em Brasília, Marcelo Cavalcante. Gasparetto afirmou que, por ora, não há relação entre a morte as denúncias do PSol contra o governo do Estado.

Ferst poderá ser ouvido também pelo delegado-adjunto da 10ª DP, Aelio Caracelli, que pode vir a Porto Alegre para confirmar versões de que Ferst esteve na semana passada em Brasília conversando com Magda Koenigkan, viúva de Marcelo. O advogado de Ferst, Lúcio de Constantino, vê a hipótese com naturalidade. ‘É do curso da investigação.’ O primeiro laudo cadavérico sustenta que o ex-assessor morreu entre os dias 15 e 16 de fevereiro. Ele foi encontrado no dia 17.

Hoje, depõem o pai de Cavalcante, Antônio, e ‘Careca’, amigo que teria sido a última pessoa a vê-lo com vida. Também irá depor novamente, a seu pedido, Marcos Cavalcante, irmão do ex-representante do Estado em Brasília.