Correio do Povo, 4 de março de 2009
Correio do Povo, 4 de março de 2009

| Saiu na Imprensa

PF vai investigar denúncias apresentadas pelo PSol
Ministério Público Eleitoral solicitou busca de provas de eventuais ilícitos

O procurador regional do Ministério Público Eleitoral, Vitor Hugo Gomes da Cunha, encaminhou ontem ofício à Polícia Federal (PF) solicitando a apuração das denúncias feitas pelo PSol contra integrantes e ex-integrantes do governo do Estado. Segundo o partido, o Ministério Público Federal (MPF) tem em seu poder vídeos e áudios que confirmariam a existência de suposta corrupção no governo e de caixa 2 durante a campanha eleitoral de Yeda Crusius, em 2006.

O ofício do Ministério Público Eleitoral é composto por quatro pontos. O procurador do MPE pede que a PF entre em contato com os denunciantes (parlamentares e lideranças do PSol) para obter informações sobre as provas que eles dizem existir e sobre as quais afirmam ter tido acesso.

Solicita que as provas, caso existam, sejam localizadas. Pede que, caso o material seja localizado, passe por análise técnica da PF de forma que se torne possível avaliar se serve como prova de ilícito eleitoral e, por fim, no caso de existir algum ilícito eleitoral, seja apurado de que parte é proveniente.

O superintendente da PF no Estado, delegado Ildo Gasparetto, disse que agora irá solicitar acesso ao processo que tramita na Justiça Federal em Santa Maria, de forma a confirmar a existência das gravações que os integrantes do PSol afirmam existir.

Questionado sobre se a PF realizará novas investigações de campo, Gasparetto disse que, a princípio, as denúncias tratam de situações que, se existiram, teriam ocorrido no passado. Mas ressalvou que a cada dia surgem novidades e que por isso é preciso aguardar os desdobramentos das novas investigações. ‘Uma medida que tomamos desencadeia várias outras’, resumiu.

Assembleia não aprova representação ao MPF

A bancada do PT na Assembleia não conseguiu aprovar no Colégio de Líderes sugestão para que a Casa entrasse com representação junto ao Ministério Público Federal para buscar informações sobre denúncias do PSol. Mas o partido, segundo o líder da bancada, Elvino Bohn Gass, não desiste de ‘apurar os fatos’. Vai buscar, agora, apoio para ingressar com ação no Ministério Públicio Eleitoral. ‘Se existiu caixa 2, temos que investigar’, diz.

Aod recebe certidão parcial do MPF

O Ministério Público Federal (MPF) forneceu ontem ao advogado Gabriel Magadan, que representa o ex-secretário da Fazenda Aod Cunha, parecer apenas da seção judiciária de Porto Alegre a respeito das denúncias do PSol contra o governo Yeda Crusius. De acordo com Magadan, não consta o nome do ex-secretário nem a existência de processo administrativo ou criminal sobre as denúncias. Na sexta-feira, a defesa havia requerido dados sobre todo o Estado. ‘Estamos frustrados porque não conseguimos todas as informações’, diz o advogado.

O MPF alega não ter entregue todos os dados pois o sistema entre as unidades do interior não é interligado. O órgão não deu prazo para fornecer as informações pendentes.

Onyx defende Feijó e ataca Yeda

A interpretação feita por lideranças da base aliada da governadora Yeda Crusius de que o vice, Paulo Feijó, está aliado à oposição para dar um golpe foi recebida com indignação pela direção do Democratas. Ontem, depois de falar com Feijó e consultar líderanças nacionais, o presidente do Dem gaúcho, deputado federal Onyx Lorenzoni, distribuiu extensa nota oficial. A nota relembra fatos que comprovam a ‘lealdade do Dem, apesar das discordâncias’ e acaba exigindo respeito com o vice e com seu partido.

Onyx diz que a atitude de Yeda é sinal de destempero e rompe com o clima cordial promovido pela visita do presidente nacional do Dem, Rodrigo Maia, há dois meses. ‘A governadora promove rupturas sistemáticas entre os dois partidos, nos alijando da campanha e do governo.’ E emendou: ‘Mas ela esquece que só virou candidata porque nós a apoiamos. Nem o PMDB queria ela’.

TALINE OPPITZ

Enfim, uma previsão
Pela primeira vez desde que teve início o episódio envolvendo as acusações do PSol contra o governo Yeda Crusius, há 13 dias, foi dada previsão de manifestação concreta e oficial sobre o caso. A pedido do Ministério Público Eleitoral, a Polícia Federal (PF) irá entrar em campo para investigar as denúncias feitas pela deputada federal Luciana Genro e pelo vereador Pedro Ruas, que dizem terem tido acesso a vídeos e gravações que comprovariam o envolvimento da governadora Yeda Crusius e de integrantes da gestão tucana na fraude do Detran e na formação de caixa 2 na campanha ao Piratini, em 2006. Segundo o superintendente da Polícia Federal, delegado Ildo Gasparetto, em 30 dias deverão ser divulgados os resultados das investigações. A partir de agora, a PF irá estudar esclarecimentos solicitados pelo Ministério Público Eleitoral, que servirão como ponto de partida à análise. O foco inicial das investigações será a campanha eleitoral ao governo gaúcho, mas não está descartada, se houver necessidade, a possibilidade de ampliar o período que passará pela lupa da PF ao primeiro ano da administração.

Talvez ocorra antes
Apesar do prazo de 30 dias estabelecido pela Polícia Federal para divulgar resultado das investigações sobre as denúncias do PSol, sentimento entre autoridades que conhecem os ritos e os trâmites jurídicos é que o Ministério Público Federal cederá às pressões e acabará se manifestando antes da data estabelecida pela PF.

Luciana se antecipa
Prevendo contra-ataque da cúpula do PSDB, que se reúne hoje para tratar das acusações do PSol, Luciana Genro decidiu se antecipar. Ontem à tarde, usou a tribuna da Câmara para falar das denúncias. Luciana destacou que o PSol não cometeu irresponsabilidade, pois as provas estão com o Ministério Público. ‘Se a governadora está sendo caluniada, por que não pede a quebra do sigilo do processo? Não tememos e iremos mostrar que as chamadas evidências são provas reais de corrupção.’ Acabou em bate-boca com tucanos no plenário.

Os reflexos
A insinuação da governadora, confirmada por lideranças tucanas, de que o vice Paulo Feijó estaria auxiliando o PSol a atacar a administração gaúcha, gerou reação de Feijó e do presidente estadual do Dem, Onyx Lorenzoni, que divulgou dura nota contra a manifestação de Yeda. Resultado do episódio, porém, foi bem mais extenso e acabou prejudicando a retomada da relação do Dem com o Piratini que está sendo construída por interlocutores.

Diálogo em risco
Segunda-feira pela manhã, Onyx havia participado de reunião com os secretários da Educação, Mariza Abreu, e Geral de Governo, Erik Camarano. Novo encontro foi marcado para daqui a 15 dias.

Não notificados
Oficial de Justiça está tendo dificuldades para notificar Luciana Genro e Pedro Ruas da interpelação do ex-secretário Aod Cunha.

Apartes
– Por ora, MPF não deu nem sinal de prazo para responder integralmente o pedido de esclarecimentos do ex-secretário da Fazenda Aod Cunha.
– Rejeição do requerimento petista para que a Assembleia solicitasse informações ao Ministério Público Federal não fragilizou os ânimos. Hoje, o partido investe em nova manobra junto ao Ministério Público Eleitoral.
– Câmara realiza amanhã, às 19h, audiência pública para tratar do Pontal do Estaleiro. A reunião será transmitida ao vivo pela TV e pela rádio do Legislativo municipal.
– Procuradores realizam assembleia geral sexta-feira, às 14h. Reivindicam a publicação de decreto da governadora assegurando pagamento por produtividade. Possibilidade de greve será analisada.