A situação da Grécia demonstra que a crise econômica mundial é muito grave e está longe de terminar. O capitalismo está sendo financiado por dívida pública: os Estados se endividam para cobrir o rombo dos bancos. O maior devedor do mundo é o governo norte-americano, cujo déficit está sendo financiado fundamentalmente por dinheiro chinês, mas também de todo mundo. Se esses credores resolvessem cobrar a dívida, como está acontecendo com a Grécia, seria o colapso da economia mundial. Por isso eles não cobram do EUA mas vão com tudo para cima de países mais periféricos na economia mundial, quando eles desconfiam que um “default” pode acontecer. Foi assim com a Argentina em 2001.
A Grécia é parte da União Europeia, cujo Tratado de Maastrich, que a criou, determina que o máximo da dívida pública que um país membro pode ter é de 60% do seu PIB. A dívida grega já é de 115% do seu PIB. O problema é que a Grécia é a ponta de um iceberg. A situação da Espanha, Portugal e Itália não é muito diferente e esses países são muito importantes para a establidade capitalista na Europa. Serão eles a próxima bola da vez, o próximo alvo da sanha especulativa do capital? E como será a reação dos povos desses países? Deixarão que seus direitos sejam atacados para seguir financiando o capital especulativo e mantendo um sistema econômico que mais nada de bom tem a lhes oferecer?
As dívidas públicas têm duas formas de serem pagas: via aumento da inflação, pois assim a moeda se desvaloriza; ou via ataques aos direitos do povo, como estão tentanto fazer na Grécia. São os bancos franceses, alemães e ingleses os credores da dívida grega, e a crise foi detonada pela desconfiança da capacidade de pagamento do país, por isso eles exigem medidas draconianas contra o povo.
O pacote do FMI e União Europeia inclui o aumento de 37 para 40 anos de serviço para aposentadoria, redução dos benefícios previdenciários, congelamento de salários dos servidores públicos até 2014, perda dos 13º e 14º salários, redução salarial, reforma trabalhista (perda de direitos), aumento do imposto geral sobre o consumo de 21% para 23%, reajuste de 10% nos combustíveis, redução de investimentos e privatização dos setores de transporte e energia, entre outras medidas.
O pacote foi aprovado pelo parlamento grego em meio a uma greve geral que levou mais de 100 mil pessoas às ruas. A reação dos gregos ao pacote está demonstrando que não vai ser tão fácil fazer o povo pagar essa conta.