No Dia Internacional da Mulher muito se discute as razões pelas quais há tão poucas mulheres ocupando cadeiras no Legislativo, no Executivo ou no comando dos partidos. Fala-se na dicriminação, verdadeira. Fala-se que as mulheres têm menos estômago para aguentar o balcão de negócios, o toma-lá-dá-cá, a corrupção. Isso também é verdadeiro. Algumas se adapatam e nadam de braçada nesse mundo podre, caso da nossa governadora do RS, Yeda Crusius. Mas a grande maioria acaba se afastando, enojadas com a sujeira. Outras resistem, e junto com outros homens da mesma estirpe mostram que é possível fazer política de uma outra forma. Mas eu queria falar de uma razão mais básica que afasta as mulheres da política: quantas têm um marido que aceita, apoia e colabora para que ela, depois do trabalho, na hora em que estaria em casa, cuidando dos filhos, ou na ausência destes, “cuidando” do marido, que ela vá para uma reunião com um bando de homens?? Quantos maridos diriam “vá tranquila que eu faço a janta e ponho as crianças na cama”? E no caso de termos esse marido, companheiro, ou mãe, sogra ou mesmo empregada, quantas de nós não nos incomodaríamos de algumas noites por semana chegar em casa já com os filhos dormindo? Eu vivi isso. Tive um filho com 17 anos, no auge da minha militância política. Era um drama. O drama de ter com quem deixar, o drama de deixar ele chorando, de chegar tarde e não vê-lo naquele dia. Como resolver isso? Primeiro uma mudança cultural, que cabe a nós mulheres também. A responsabilidade com a casa e os filhos tem que ser compartilhada. Hoje já temos muitos homens que ajudam as suas companheiras, mas poucos que assumem a responsabilidade juntos. Não só a responsabilidade financeira, mas a afetiva fundamentalmente. Além disso precisamos de creches noturnas, para quem não tem com quem contar para deixar os filhos. Precisamos que os partidos ofereçam espaços, e cuidadores(as) para as mães que fazem política levarem suas crianças e ficarem tranquilas. Já avançamos muito, mas ainda temos um longo caminho a percorrer.
Mulheres, filhos e política