A morte de Eliseu Santos é uma tragédia particular para seus amigos e familiares e um choque para todos. A grande interrogação é se foi um crime comum ou uma execuação. As notícias que temos sobre o trabalho da polícia vêm dos jornais, e elas são contraditórias. A Zero Hora está sustentando abertamente a versão de que foi um assalto, dizendo que a polícia está praticamente convencida disso, embora diga também que a esposa de Eliseu tenha testemunhado que não houve anúncio do assalto. As informações que eles dão na matéria não sustentam a convicação com que estão defendendo a tese do assalto. Já o Correio do Povo diz exatamente o contrário da Zero Hora, afirmando que a tese de execução é a mais forte, embora a polícia não descarte o assalto. O Jornal do Comércio coloca as duas hipóteses no mesmo patamar, reproduzindo uma declaração do delegado Ranolfo Vieira Junior: “Não podemos dizer ainda se é latrocinío ou homicídio. A investigação tem que ser isenta, não posso me apaixonar por uma ou outra hipótese para não prejudicar meu trabalho”. Espera-se realmente que assim trabalhe a polícia.
Para mim o caso tem todos os elementos de uma execução política, visto que Eliseu Santos estava envolvido no caso Sollus. A Polícia Federal estava investigando o desvio de quase R$ 10 milhões do Fundo Municipal da Saúde, promovido por esse instituto que gerenciou o pessoal do Programa de Saúde da Família. Foi Eliseu quem os trouxe para Porto Alegre, e num processo conturbado bancou a sua contratação sem licitação, o que só foi obtido mediante um acordo com o Ministério Público. Na quinta-feira ele depôs na Polícia Federal sobre o caso e no dia seguinte foi assassinado.