O martírio de quem necessita do SUS para tratamento de saúde segue imenso. O Hospital Conceição tem na sua emergência 50 leitos e 10 macas mas atendia na segunda-feira simultaneamente 136 pessoas. Conheço de perto essa tragédia. Há alguns anos meu sogro ficou dois dias aguardando leito antes de falecer, lá no Conceição. Também foi lá que o presidente Lula esteve há cerca de dois anos inaugurando justamente a nova emergência e largou uma de suas pérolas: disse que “a saúde pública no Brasil está perto da perfeição”. A promotora de Defesa dos Direitos Humanos do MP, Ângela Rotunno, que mandou transferir os pacientes para outros hospitais, certamente não concorda com o presidente. Ela disse:
– É uma ação para a emergência do Conceição. Teremos de tratar, em seguida, as causas da superlotação para evitar que isso se repita em seguida ali e em outros hospitais – avaliou ela.
As causas são claras: o Rio Grande do Sul não cumpre a obrigação constitucional de destinar 12% da receita própria para a saúde, destinando pouco mais de 3%. O governo federal e o município também gastam pouco em relação às necessidades. Isso tem uma explicação: os que comandam o Estado, a cidade e o país não usam o SUS, nem seus familiares. Se usassem a situação seria outra, com certeza.