A deputada estadual Luciana Genro (PSOL) e a vereadora suplente de Porto Alegre, Aline Kerber (PSOL), visitaram na tarde desta sexta-feira (12/08) a Escola Municipal Especial Prof. Luiz F. Lucena Borges. Elas foram recebidas pelo diretor Marcio Malavolta e outros integrantes do corpo docente, com quem percorreram o local e conversaram sobre a situação da educação especial na rede pública.
A Lucena Borges é uma das quatro escolas especiais da rede pública municipal em Porto Alegre, dedicada a atender alunos autistas e com deficiência. O tema da inclusão no ensino tem sido tratado por Luciana Genro e Aline Kerber, que estiveram juntas na luta contra o rol taxativo da ANS – pela inclusão de tratamentos a pessoas autistas e com deficiência nos planos de saúde. A deputada ainda é proponente de uma audiência pública da Comissão de Direitos Humanos sobre os problemas na rede pública de educação no atendimento pedagógico a crianças autistas e com deficiência. O evento ocorre no dia 24 de agosto, a partir das 9h30, no Espaço de Convergência, localizado no térreo da Assembleia Legislativa.
“Essa luta por inclusão é fundamental para garantir os direitos das pessoas autistas e com deficiência e de suas famílias. A educação tem um papel central nesse aspecto, propiciando o desenvolvimento saudável destas crianças e jovens”, disse Luciana Genro.
A Escola Lucena Borges possui 120 alunos, de 0 a 21 anos, divididos em turmas de acordo com a faixa etária, em sua maioria autistas. Há ainda subdivisões em módulos, conforme as habilidades e necessidades de cada criança e adolescente. As turmas comportam poucos alunos cada, a fim de possibilitar uma atenção maior para cada um.
O diretor Marcio Malavolta comentou sobre a proposta pedagógica, que preza pelo estímulo à autonomia, com desenvolvimento da capacidade de comunicação, projetos ambientais, como uma horta, e “biblio pet terapia” – que propõe práticas terapêuticas envolvendo animais domésticos e livros. Conta ainda com atividades externas para os alunos, com visitas a locais como teatro e cinema. São atendidas pessoas autistas e com deficiência de Porto Alegre e região, e há lista de espera para novos estudantes.
Malavolta destacou que a instituição é privilegiada por possuir 36 professores com especialização para atendimento na educação especial, o que muitas vezes não ocorre na rede de ensino regular onde há crianças autistas e com deficiência matriculadas. Para o diretor, uma política de inclusão deveria contemplar as escolas regulares e especiais, a fim de propiciar parcerias para que crianças e adolescentes autistas e com deficiência possam frequentar uma ou outra, conforme a situação em cada período. Ele explicou que na Lucena Borges são atendidos casos mais severos, sendo que muitos possivelmente não poderão estudar nas escolas regulares, por não conseguirem se adaptar. Por outro lado, há situações em que essa troca é possível, por isso é preciso uma transição para buscar as melhores condições para os jovens e famílias.
Luciana Genro e Aline Kerber também entendem que é preciso conciliar os dois modelos de ensino. Para Aline, a experiência nas escolas especiais e os profissionais mais qualificados poderiam ajudar em formações para professores e monitores que atuam na rede regular municipal. “Inclusão não é só matricular em uma escola, mas oferecer a estrutura e o suporte necessários para essas crianças e jovens”, falou.
Luciana Genro reforçou que as escolas especiais também são espaços de inclusão. “Muitos alunos só têm esses locais como espaços de convivência e, após os 21 anos, quando se formam, não contam com outras opções de socialização”, disse. O diretor contou que há essa demanda das famílias, mas seria necessário investimento para contratação de mais profissionais e ampliação dos espaços para que fosse possível a oferta de atividades para esse público como algo regular e não esporádico.