Sr. presidente, sras. e srs. deputados,
Venho novamente a esta tribuna para falar da situação do estado do Rio Grande do Sul e do governo Yeda Crusius, porque ontem, por intermédio da imprensa, tivemos notícia de vazamento de um documento oriundo do Ministério Público Federal, acompanhado de um ofício assinado pelo procurador Alexandre Schneider — portanto, um documento oficial do Ministério Público Federal — , em que consta o depoimento do sr. Lair Ferst.
Esse depoimento oficial dado ao Ministério Público Federal, provavelmente fruto da delação premiada, confirma em essência todas as denúncias apresentadas pelo PSOL em 19 de fevereiro a respeito da situação do governo do Estado e dos desvios de recursos que vêm sendo feitos no Detran, em outros órgãos públicos estaduais e na campanha eleitoral da governadora Yeda Crusius. Esse documento confirma, em primeiro lugar, a importância do depoimento de Marcelo Cavalcanti, que misteriosamente morreu às vésperas de contar ao Ministério Público Federal, como antigo homem de confiança da governador Yeda Crusius, que ela sabia e participou do esquema do Detran, que ela desviou recursos da campanha eleitoral — recursos de caixa-dois, que se transformaram num caixa-três —, para comprar a sua mansão.
Aliás, a denúncia que fizemos a respeito da mansão da governadora, de que ela foi superfaturada, tendo preço oficial menor do que o verdadeiramente pago, também foi confirmada nesse documento oriundo do Ministério Público Federal, inclusive com o nome do mesmo corretor de imóveis que havíamos apontado como responsável pelo negócio. Assim como também o mesmo episódio que relatamos da governadora reclamando de que o valor da propina que estava recebendo, oriunda de fraude no Detran, seria muito pequeno. Exatamente o mesmo episódio por nós relatado.
Então, queremos, desta tribuna, reafirmar tudo o que dissemos. E queremos também dizer que estamos solicitando ao Ministério Público Federal, à juíza Simone Barbisan Fortes, o bloqueio de bens da governadora Yeda Crusius e de seu marido. Aliás, ele, outros secretários e outras figuras que apontamos na denúncia do dia 19 de fevereiro voltaram também a aparecer nesse documento do Ministério Público Federal. Novamente apareceram os nomes da Mac Engenharia e da Busnello como doadores do caixa-dois, das fumageirasde Santa Cruz, que também apontamos como doadoras do caixa-dois; o marido da governadora, como operador de todo esse esquema de corrupção, o ex-secretário Aod, como receptador de recursos do caixa-dois, e vários envolvidos, entre eles, inclusive, secretárias diretas da governadora que ainda permanecem no cargo.
Então, queremos a apuração completa. Mais do que isso, queremos o impedimento da governadora, porque politicamente ela já está condenada. Podem ainda faltar provas para um processo judicial — afinal, até Collor foi absolvido no Supremo Tribunal Federal —, mas politicamente ela está condenada, tem de ser afastada, e há que ser dado andamento ao processo.