Por Roberto Robaina
Dirigente do PSOL e do Movimento Esquerda Socialista (MES), editor da Revista Movimento e vereador de Porto Alegre.
O STF não tem sido um guardião da justiça. Tem sido um órgão dominado pela política onde ministros se acusam de psicopata e mafiosos. Este é o Supremo que tem atrasado o julgamento de políticos burgueses e corruptos, como Temer, Aécio e muitos outros. Ao mesmo tempo apressa decisões que levam a prisão de Lula. Assim, independente das ações levadas adiante pela Lava Jato, que juntou provas contra vários destes corruptos, a resultante desta justiça é seletiva, atingindo uma liderança com apoio popular e em primeiro lugar nas intenções de voto para a presidência da república, enquanto políticos sem apoio seguem no poder, mesmo enlameados até o pescoço. Por isso somos contra a prisão de Lula. Não estamos diante de um julgamento imparcial e controlado pelo povo.
É preciso que se diga, porém, que defender o direito de Lula responder em liberdade não quer dizer defender a inocência de Lula como muita gente de esquerda faz. Lula colaborou com políticos corruptos como Sarney, Renan, Delfim e o próprio Temer. Foi gerente de interesses das empresas capitalistas, das empreiteiras, dos bancos, do grande agronegócio, reivindicando esta gerência até os dias de hoje. De minha parte creio que uma posição de esquerda não aceita servir a dois senhores. Mas há uma esquerda que aceita ser parte e defende as regras deste sistema. É o que chamamos de uma esquerda integrada no regime político dos ricos e dos capitalistas. Não é a esquerda que defendemos. Por isso não sou liderado por Lula. Me somo, junto com Luciana Genro e muitos outros fundadores do PSOL, a defesa de que Lula não seja preso. Apesar de considerar que sua prisão será por pouco tempo, já que a casta política e seus defensores no STF sabem que a prisão de Lula aumentará a pressão pela prisão de Temer, Aécio e outros, não hesitamos nesta posição contrária a sua prisão. E mantemos igualmente nossa posição pelo direito de Lula disputar a eleição presidencial. Tal defesa ainda é mais necessária porque o que está por trás da definição do STF, seu real interesse, não é tanto pôr Lula atrás das grades, mas retirar sua influência do pleito de outubro. Esta é a continuidade do golpe parlamentar de 2016. Depois de se servirem do PT, agora, desde 2015, decidiram excluí-lo do condomínio do poder, aceitando-o no máximo como oposição. Nós, que sempre denunciamos a democracia iniciada na nova república como uma ditadura do capital, sabemos que a eleição sem Lula torna as eleições com ainda menos legitimidade popular. Por isso, além de rejeitar a prisão, defendemos também seu direito de concorrer.
Ao mesmo tempo afirmamos a necessidade de uma nova esquerda. Uma esquerda que não seja liderada pelo lulismo.