Por Luciana Genro
Reeleito ainda no primeiro turno, o governador Beto Richa (PSDB) usou do apoio que recebeu para aplicar um plano de austeridade e ajuste fiscal no Paraná (plano este que não foi apresentado como proposta em nenhum momento da campanha eleitoral).
Em dezembro do ano passado, foram aprovadas na Asssembleia Legislativa as seguintes medidas: aumento do IPVA em 40%, taxação dos inativos, corte no orçamento da Defensoria Pública e outras medidas que fizeram parte do “pacotaço”.
No começo deste ano, a situação se agravou, com o não pagamento da diária dos bombeiros e policiais da Operação Verão, suspensão do pagamento do adicional de 1/3 de férias, demissão de 30 mil funcionários contratados no regime PSS (sem o pagamento da rescisão) e o completo sucateamento de todos os órgãos públicos.
Junto a isso, Beto Richa tem o maior salário entre os governadores do país, deputados estaduais reajustaram seus salários e juízes recebem auxílio-moradia.
Essas medidas são tomadas sem nenhum diálogo com a sociedade. A Assembleia Legislativa (ALEP) é completamente submissa e utiliza do tratoraço, método que transforma o plenário em “comissão geral” e permite a aprovação de projetos em 48 horas.
Mas o “pior estava por vir”: neste início de fevereiro, um novo pacote foi apresentado, que permite utilização do fundo previdenciário como orçamento regular do Estado, teto para as aposentadorias, corte no auxílio-transporte, extinção dos quinquênios e uma série de cortes no plano de carreira dos educadores.
Como resposta à falta de diálogo do poder público, o movimento dos trabalhadores do serviço público estadual ocupou a ALEP em defesa dos seus direitos.
É preciso que este movimento receba apoio de todos e todas no Brasil. O governador do Paraná é hoje um dos alunos mais aplicado do ministro Joaquim Levy no país. Derrotá-lo poderá dinamizar a luta contra os ajustes e a austeridade em nível nacional.
Fui expulsa do PT por ter votado com os trabalhadores e contra uma reforma previdenciária similar a essa em nível nacional (proposta e aprovada por Lula em 2003). Infelizmente, essas medidas continuam com força no Brasil.
É preciso lutar. Pelos nossos direitos, pelo nosso futuro!