Divisão no PDT adia decisão sobre CPI
Gisele Ortolan
Depois de um encontro de duas horas, o PDT decidiu ontem liberar a bancada para que cada um dos seis deputados resolva se apoia ao não a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa, protelando a criação da comissão, que pretende investigar denúncias de corrupção no governo de Yeda Crusius (PSDB).
Giovani Cherini, Kalil Sehbe e Gerson Burmann alegam que não estão convencidos dos motivos da investigação e informam que, por enquanto, não vão assinar o documento. Adroaldo Loureiro, Gilmar Sossella e Paulo Azeredo se declaram a favor da ação.
No entanto, só devem assinar o requerimento após a modificação de alguns pontos definidos no encontro de ontem. “Precisamos investigar fatos concretos que envolvam irregularidades com os recursos do Estado. Há precariedades no documento original, como a investigação da prestação de contas da campanha da governadora em 2006. Isso não é objeto de uma CPI”, justificou o líder da bancada, Adroaldo Loureiro.
No caso de os três deputados levarem a cabo a disposição de apoiar a CPI, o requerimento chegaria a quinze assinaturas. Já subscrevem o documento nove parlamentares do PT, dois do PSB, um do PCdoB. Mas, para fechar os 19 apoios necessários para protocolar a investigação, ainda faltariam quatro adesões.
O Democratas se comprometeu com duas assinaturas – que só serão confirmadas quando o requerimento tiver o apoio de 17 deputados. Ainda assim, para fechar a conta, faltará um deputado, que pode ser da base aliada.
Dispostos a não deixar esfriar a investigação no Parlamento, Sossella e Azeredo saíram a campo pelo convencimento dos colegas de sigla e apresentaram “novos argumentos” para a investigação.
Azeredo solicitou na tarde de ontem, ao presidente da Assembleia, Ivar Pavan (PT), o parecer jurídico da Casa sobre duas denúncias. Uma relativa ao sistema Guardião – entregue na ouvidoria do Parlamento por Adão Paiani -, e outra contendo áudios, envolvendo a assessora do governo tucano Walna Villarins Meneses na negociação de obras da barragem Taquarembó-Jaguari e enviados anonimamente ao gabinete do deputado.
“Não assino hoje o documento da CPI porque ainda vamos buscar informações sobre a compensação de crédito de empresas fumageiras do Rio Grande do Sul com Santa Catarina e das linhas de créditos criadas agora pelo Banrisul para o setor. Com isso podemos ter outros fatos determinados”, sugeriu Azeredo.
Contrários à proposta, Burmann e Cherini apontaram a artilharia para o vice-governador Paulo Feijó (DEM). “Me choca ele trazer estes assuntos agora. Deveria ter feito antes, na prestação de contas”, alegou Burmann. “Até agora o único réu confesso é o Feijó, que disse que entregou R$ 25 mil em moeda. Isso é proibido. Como um vice-governador vai entregar dinheiro vivo? Até agora, só se sustenta uma CPI do Feijó”, atacou Cherini.
O presidente estadual do PDT, Romildo Bolzan Jr., que também acompanhou o encontro, que aconteceu a portas fechadas, garantiu que a posição da sigla é de oposição ao governo e a orientação da executiva é pela criação da comissão de investigação.
“Não houve o amadurecimento suficiente da bancada, mas a recomendação é pela assinatura do requerimento. Possivelmente vamos reunir o diretório para discutir a questão e orientar os deputados que ainda estão indecisos. A avaliação política é de que, se há fatos determinados, o partido, como de oposição, deve buscar a verdade”, assinalou o trabalhista.
Hoje, o presidente estadual do P-Sol, Roberto Robaina, e o vereador de Porto Alegre Pedro Ruas (P-Sol) irão se encontrar, às 11h, com a deputada Stela Farias (PT) e prometem entregar “novos argumentos” para a instalação da CPI.
O partido foi o responsável por tornar público a suposta existência de áudios feitos pelo lobista Lair Ferst e a troca de e-mails com o vice-governador, que comprovariam a existência de caixa-2 na campanha de 2006.