Voltado para atender famílias de pessoas neurodivergentes e com deficiência, o Balcão de Direitos das Pessoas Atípicas entra em seu segundo ano de atividades, em parceria com a deputada Luciana Genro (PSOL). A parlamentar e a Associação Mães e Pais pela Democracia, idealizadora do projeto, lançaram uma cartilha informativa e de prestação de contas do primeiro ano de trabalho, em audiência realizada na Assembleia Legislativa com a presença de especialistas, mães, pessoas com deficiência e a equipe do Balcão.
Coordenado pela socióloga Aline Kerber, o Balcão de Direitos oferece atendimento especializado e gratuito a famílias que precisam de orientação sobre os direitos garantidos por lei para crianças e adultos com autismo e outras deficiências. O projeto foi viabilizado com uma emenda de Luciana Genro e, para este ano, a deputada voltou a destinar R$100 mil reais para a iniciativa, que serão somados a verbas de emendas também destinadas pela deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL).
No lançamento da cartilha, Luciana Genro destacou a luta incansável das mães atípicas na busca pelos direitos e inclusão de seus filhos. “Eu fiquei muito feliz de poder contribuir com esse projeto do Balcão de Direitos, porque eu sei o quanto o caminho é árduo e o quão longa é a luta das famílias atípicas. Pude perceber esse drama, que em grande parte dos casos é a solidão, especialmente das mães”, afirmou.
A coordenadora do projeto, Aline Kerber, reforçou essa questão apontando que mais de 80% do público que procurou o Balcão são mães solo. “Nosso objetivo é fazer um acolhimento efetivo e afetivo, orientar e encaminhar para as redes de suporte. E essa cartilha foi elaborada pensando no poder do acesso à informação na busca e garantia dos direitos das pessoas atípicas. Essa é a principal barreira que precisamos derrubar para enfrentar o capacitismo”, colocou.
Mães atípicas também fizeram falas, destacando suas lutas. Neriane Lanius, mãe da Vitória, uma menina autista de 5 anos, relatou que o pai disse que “não tinha condições” de criar a filha. “Essa história não é sobre mim, é só mais uma história sobre mães atípicas. Esse espaço de discussão como o que estamos fazendo agora um dia vai ser dela, ela vai contar a sua história, todos os nossos filhos vão”, disse, relatando que a Vitória começou a falar faz um ano.
As defensoras públicas Bibiana Veríssimo e Paula Simões e a advogada Taiani Trindade destacaram a importância de se reivindicar direitos já conquistados por lei, mesmo que a intervenção da Justiça seja necessária, apontaram problemas no sistema ao acesso a estes direitos, assim como também saudaram a luta das mães e das pessoas com deficiência.