Diante do grave episódio de intolerância religiosa ocorrido na cidade de Cachoeirinha, inclusive, presenciado pela deputada Luciana Genro (PSOL) no mês passado, a representante estadual propôs à Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa a realização de uma audiência pública na cidade para debater o tema. Com o objetivo de esclarecer o ocorrido e coibir ações semelhantes no futuro, o encontro será realizado no dia 7 de maio (quarta-feira), às 18h, no Plenarinho Saul Lazarotto da Câmara Municipal de Cachoeirinha (Rua Manatá, 565), em parceria com com o vereador Gustavo Almansa (PT).
A iniciativa acontece após Luciana Genro ter sido acionada por religiosos de matriz africana que foram impedidos de ingressarem na na Câmara de Vereadores onde ocorreria um evento justamente voltado ao combate à intolerância religiosa. Mesmo com o evento previamente agendado, os participantes foram barrados na entrada do local e ali foram informados de que o encontro havia sido cancelado. A informação foi repassada pela Guarda Municipal, que recebeu os religiosos já com os portões fechados.
“A intolerância religiosa é uma violência inaceitável e uma afronta direta aos direitos humanos. Não podemos permitir que práticas discriminatórias como essa se repitam, especialmente dentro de instituições públicas que são essenciais para debater o tema e que deveria proteger essas pessoas. Por isso, agora é fundamental ouvir a comunidade e garantir que esses abusos não fiquem impunes ou se repitam”, afirmou Luciana Genro.
Além desse caso, a deputada também recebeu denúncias envolvendo o templo Portal Caminhos de Aruanda, comandado pelo Pai de Santo Alex Araujo, que há quatro anos sofre perseguições constantes, apesar de possuir alvarás de funcionamento e realizar atividades de cunho social para a comunidade. Mesmo cumprindo todas as normas, o local é alvo de ações judiciais e abordagens da Guarda Municipal, muitas vezes motivadas por preconceito religioso de vizinhos.
Para Luciana Genro, a audiência será um espaço essencial para escutar a comunidade, reunir denúncias e cobrar providências dos órgãos públicos. “Infelizmente, o que vimos em Cachoeirinha não é um caso isolado. É reflexo de uma estrutura de preconceito que ainda nega o direito à liberdade religiosa, especialmente das religiões de matriz africana. Precisamos enfrentar isso com seriedade e com ações concretas”, destacou.
Por motivos semelhantes aos relatados pelos religiosos de Cachoeirinha, uma audiência pública também foi realizada em Santa Cruz do Sul. O evento, presidido por Luciana Genro na Câmara de Vereadores da cidade, reuniu lideranças religiosas, autoridades e representantes da sociedade civil. Promovido em parceria com o vereador Alberto Heck (PT), e evento foi um espaço importante para que o povo de axé denunciasse ameaças, perseguições e a omissão de órgãos públicos diante de violações à liberdade religiosa.
Como encaminhamento da audiência, a deputada Luciana Genro solicitou formalmente ao governo do Estado a criação de uma Delegacia Especializada no Combate à Intolerância Religiosa em Santa Cruz do Sul, reforçando a necessidade de uma atuação mais efetiva e estruturada do poder público para garantir o respeito à liberdade de crença e a proteção das religiões historicamente marginalizadas.