Fazendo menção à memória de brigadianos que chegaram ao ato desesperado de cometer suicídio, nesta quarta-feira (14) a deputada estadual Luciana Genro (PSOL) ocupou a tribuna para relatar o preocupante cenário de desvalorização enfrentado por soldados, sargentos e também tenentes da Brigada Militar.
Coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa dos Policiais Militares de Nível Médio, Luciana Genro tem levado à Assembleia Legislativa as denúncias que a tropa faz sobre o tratamento recebido nos quartéis e a luta por reposição salarial, condições dignas de trabalho e plano de carreira que garanta acesso a promoções e valorização.
“No Rio Grande do Sul, morrem mais brigadianos por suicídio do que em confronto”, disse a deputada. Somente no primeiro semestre em 2023, dos nove policiais militares que vieram a falecer no estado, seis foram por suicídio. Os dados referentes ao segundo semestre não foram informados pela corporação.
“Existem duas tropas dentro da Brigada Militar: uma que é valorizada, respeitada e ouvida pelo governo, representada pelos oficiais, e outra que carrega o piano da segurança pública, mas que é completamente desrespeitada, perseguida, punida e desvalorizada, representada pelos soldados, pelos sargentos e pelos tenentes,” pontuou Luciana Genro.
Desde a Legislatura passada, a parlamentar já enviou mais de 130 ofícios ao Comando da Brigada Militar com denúncias de abusos praticados internamente na corporação contra os praças. As perseguições envolvem casos de policiais que foram chamados para prestar informações até mesmo sobre curtidas em suas redes sociais ou por relatarem a realidade dentro da corporação.
“O governador divulga que os índices de criminalidade caíram, que a segurança pública no Rio Grande do Sul está avançando e combatendo o crime, mas não olha para as mazelas de uma Brigada Militar que aposta na punição interna para silenciar críticas e na perseguição daqueles que tentam mudar esse sistema tão arcaico e que adoece nossos servidores,” denunciou Luciana Genro.
Por fim, a deputada reforçou a importância da organização da categoria, fortalecendo as associações para a mobilização em defesa dos seus direitos. Ressaltou que os brigadianos, enquanto trabalhadores da segurança pública, também são titulares de direitos humanos. “Se não tiverem seus direitos assegurados dentro da corporação, os policiais também não vão respeitar os direitos da população”, finalizou.