Os manifestantes foram recebidos no Palácio Piratini por representantes do governo estadual.
Os manifestantes foram recebidos no Palácio Piratini por representantes do governo estadual.

| Matriz Africana

O Conselho Estadual do Povo de Terreiro reuniu-se em frente ao Palácio Piratini para uma manifestação em forma de “tamboraço” em defesa da realização da Conferência Estadual do Povo de Terreiro. O evento, que deveria acontecer no próximo dia 09 de dezembro, foi tratado com descaso pelo governo, segundo os manifestantes. A deputada Luciana Genro (PSOL), que tem sido uma aliada ativa do povo de terreiro ao longo dos anos, esteve presente no ato, que ocorreu na Praça da Matriz.

Os manifestantes foram recebidos no Palácio Piratini por representantes do governo estadual. “O meu mandato esteve presente em mais de 50 conferências municipais, participamos de quase todas e pudemos ver o quão representativa elas foram, o quão importantes são para o povo de terreiro e para o desenvolvimento de políticas públicas para combater a intolerância religiosa e o racismo religioso”, argumentou a deputada durante a reunião.

O tamboraço ocorreu após a Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH) do Estado, sem qualquer debate, apenas informar o cancelamento do evento, pela terceira vez, quando faltavam cerca de 9 dias para a data acordada. Em ofício, o governo alegou a impossibilidade de captar recursos pelo curto período de tempo, bem como a falta de orçamento da pasta para realizar o evento.

Após a denúncia feita pelo povo de terreiro acerca desse descaso, Luciana Genro oficiou o secretário da SJCDH, solicitando informações dos motivos pelos quais o adiamento não foi informado antes, bem como se, considerando a proximidade da data prevista, houve valores já gastos com o evento.

O líder religioso Baba Diba Yemanjá ressaltou a falta de respeito de se cancelar o evento sem qualquer diálogo com a comunidade: “o novo secretário não nos chamou para debater. Sem nenhum compromisso com nosso segmento ou nossa pauta, sem diálogo, apenas cancelou”, apontou. Ele também destacou que a conferência é fundamental para pensar e elaborar estratégias em conjunto dentro do movimento do povo de terreiro. O assessor do mandato de Luciana Genro, Cebola de Oxalá, reforçou que a comunidade seguirá lutando pela realização da conferência. “Nós vamos seguir vigilantes e na luta para que nenhum direito do povo de terreiro seja retirado”, destacou.

Na reunião também esteve presente a deputada Daiana Santos (PCdoB). O governo se comprometeu a debater internamente as questões e dar um retorno para a comunidade a respeito do que pode ser feito para organizar uma nova data para a conferência.