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O Projeto de Lei apresentado pela deputada estadual Luciana Genro (PSOL), que tem como objetivo instituir oficialmente o 15 de setembro como Dia Estadual do Tamboreiro, do Alabê, do Ogã e do Tata, foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa. Foi escolhido setembro por ser o mês comemorativo de Xangô, orixá da justiça, considerado o dono dos tambores.

“Numa estimativa livre, calcula-se que o nosso estado tenha mais de 65 mil terreiros, uma proporção maior que na Bahia e Rio de Janeiro. Ter no calendário do Rio Grande do Sul um dia para homenagear essas figuras centrais nos cultos de matriz africana é, além de uma forma de valorizar a cultura dos povos tradicionais, uma forma de combater a intolerância religiosa, e meu mandato é um parceiro dessa luta,” destaca Luciana Genro.

O som dos atabaques é parte fundamental nos terreiros das religiões de matriz africana. A habilidade de fazer com que a música sagrada ecoe através do toque das mãos é responsabilidade de uma das principais figuras dentro de um terreiro, o Tamboreiro, conhecido também como Ogã ou Alabê (do iorubá Alagbê). Já nos candomblés de origem Kongo-Angola, a denominação usada é Tata ou, ainda, Tata Xikarengoma”, título específico para os tocadores de Ngoma (atabaque).

A relação entre Xangô e os tambores é encontrada em diversos estudos sobre as religiões afro-brasileiras. O estudioso Norton Corrêa, por exemplo, destaca que “a orquestra […], como um todo, pertence a Xangô, considerado o ‘dono do barulho’ (isto é, da música)”.

Na luta ao lado do povo de axé

Luciana Genro é uma defensora das religiões de matriz africana contra o preconceito, o racismo e a perseguição. Como forma de contribuir na luta contra essas discriminações, seu mandato elaborou a Cartilha do Povo de Terreiro, construída em conjunto com mães e pais de santo. O material busca, em uma linguagem acessível e que contemple desde o mais leigo até o mais entendido do assunto, pensar no racismo religioso, nas comunidades tradicionais, nas características das divindades de raiz africana e nas legislações que amparam esse grande grupo que integra a sociedade gaúcha.

Seu mandato também é responsável pela elaboração de um guia para combater e prevenir casos de intolerância religiosa. Esse material conta com informações importantes para que religiosos tenham conhecimento dos seus direitos caso seus templos sejam vítimas desse tipo de violência, além de orientações para denúncia e registro de boletim de ocorrência.

Além disso, a deputada já foi presidente da Frente Parlamentar em Defesa dos Povos e Comunidades de Matriz Africana, trazendo para a discussão os aspectos históricos, sociais e políticos que perpassam o povo de axé.