Luciana Genro esteve na ocupação, ao lado da advogada Clarice Zanini e dos moradores Analise e Luciano.
Luciana Genro esteve na ocupação, ao lado da advogada Clarice Zanini e dos moradores Analise e Luciano.

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Cerca de 80 famílias ocupam, desde o final do mês de maio, um prédio pertencente ao governo federal que estava abandonado na Avenida Farrapos, região central de Porto Alegre. A ocupação foi organizada pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) em um imóvel pertencente à União, que antigamente abrigava laboratórios da Emater.

“Estive no local e constatei a situação de total abandono do prédio, realmente está há muitos anos desocupado. A nossa proposição é que o governo federal possa destinar esse imóvel para moradia e que possamos ouvir os representantes dos ocupantes e vermos de que forma podemos auxiliar”, afirmou a deputada Luciana Genro (PSOL). A parlamentar foi ao prédio e convidou os moradores a participarem da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa nesta quarta-feira (7).

Luciana Genro destacou a importância de se garantir moradia digna para as 80 famílias que lá estão e “muitas outras”, pois o prédio é bastante grande – são dez andares. Duas lideranças da comunidade falaram à Comissão, pedindo apoio para que não haja reintegração de posse e que as moradias possam ser garantidas no local.

Luciana Genro levou o assunto à Comissão, com a presença de Analise e Luciano. Foto: Celso Bender/ Agência ALRS

“É uma ocupação de trabalhadores, estudantes, aposentados, pessoas com deficiência. Ocupamos pra gente conseguir viver nessa cidade que cada vez fica mais distante do povo preto pobre e trabalhador”, colocou Analise Silva Thomaz. Segundo ela, os novos moradores passaram quase três dias limpando o prédio. O MLB também era responsável pela Lanceiros Negros, ocupação localizada na rua General Câmara que resistiu por um ano e meio antes de ser despejada pelo governo estadual em 2017.

Luciano Schafer, coordenador do MLB, falou da necessidade de organização do povo para garantir moradia digna. “São famílias vindas de periferia, da Região Metropolitana. Buscamos garantir que essas pessoas também possam viver no Centro, acreditamos que é aqui que o povo pobre tem que viver também. Queremos que prédios abandonados sejam dedicados à moradia popular. Tem muito prédio capaz de melhorar a vida de milhares de pessoas”, afirmou.

A Comissão de Direitos Humanos se colocou à disposição dos moradores e pretende intermediar uma reunião da Secretaria de Patrimônio da União e a Emater com os ocupantes. “Também podemos tentar auxiliar na questão de educação e saúde. Os moradores podem fazer uma lista de crianças que precisam de creche e escola, e de moradores para que sejam acolhidos no posto de saúde mais próximo”, acrescentou Luciana Genro.

São cerca de 80 famílias vivendo no local.