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O Ministério Público do RS está denunciou criminalmente à Justiça uma policial aposentada que associou a sigla LGBTI+ à pedofilia em entrevista à Rádio Guaíba. Após a divulgação da entrevista, a deputada estadual Luciana Genro (PSOL) e a vereadora suplente PSOL de Porto Alegre Natasha Ferreira acionaram o MP, que decidiu então apresentar uma ação penal contra a acusada.

Em 11 de fevereiro, em participação no programa Boa Tarde Brasil, da Rádio Guaíba, Flávia Cristina Abreu disse que “o LGBTQIA+, envolve, para quem não sabe, o A+ envolve a pedofilia. Quando se diz LGBTQIA+, o A+ quer dizer esse tal de poliamor aí, que essa gente da esquerda prega, só que muitos não sabem”.

“Por meio de sua declaração, a entrevistada fez crer que integrar a comunidade LGBTQIA+ é sinônimo de apoiar e cometer atos criminosos, incitando, dessa forma, a opinião pública a acreditar que a população LGBTQIA+ não somente seria propensa a cometer o grave crime mencionado, como incentivaria condutas ligadas à pedofilia – ou seja, alimenta, com informações absolutamente falsas, discursos de ódio que geram preconceitos, reforçam estigmas e incitam a discriminação e práticas violentas”, disse a deputada na denúncia.

No pedido enviado à 1ª Vara Criminal do Foro Regional do Partenon, em Porto Alegre, o promotor de Justiça Cláudio Ari Pinheiro de Mello considera que a fala da policial “é discriminatória e preconceituosa porque o símbolo +, quando acrescentado à sigla (LGBTQIA+), significa a associação à comunidade de indivíduos não heterossexuais que não se enquadrem nas identidades de gênero e orientações sexuais representadas pela sigla, não tendo qualquer relação com a prática, o incentivo, o induzimento ou a aceitação de violência sexual contra crianças, que é o que caracteriza a pedofilia”.

Com forte atuação em defesa da comunidade LGBTI+, esta não é a primeira vez que Luciana Genro e Natasha Ferreira, uma ativista travesti, denunciam aos órgãos competentes atitudes preconceituosas de figuras públicas. Ambas já denunciaram o presidente Jair Bolsonaro ao MPF por crime de LGBTfobia e, recentemente, Natasha Ferreira e Érika Hilton, vereadora trans de São Paulo pelo PSOL, denunciaram Bolsonaro ao Ministério Público por fala homofóbica em entrevista a um podcast – sendo, inclusive, vítimas de ameaças de morte após apresentar essa denúncia.