Amigos, familiares e apoiadores realizaram ato em frente ao Ministério Público de São Leopoldo. Foto: Divulgação
Amigos, familiares e apoiadores realizaram ato em frente ao Ministério Público de São Leopoldo. Foto: Divulgação

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O instalador hidráulico e músico Diogo de Oliveira, conhecido como Mixunga, foi preso em seu prédio em São Leopoldo na tarde do último sábado (14/05) durante uma ação do Denarc que investigava seu vizinho. Ao ser abordado pelos agentes, que questionaram se ele conhecia o morador de cima, Diogo informou ao vizinho que a polícia queria falar com ele, e acabou preso por supostamente interferir na investigação.

A deputada Luciana Genro (PSOL) está levando a questão à Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia e ao Conselho de Direitos Humanos, assim como está solicitando que seja acionado, via Comissão de Direitos Humanos, o Ministério Público sobre o assunto. “É uma ação visivelmente racista. Diogo é um trabalhador, pai, que foi preso por ser um homem negro que mora no mesmo prédio de um suposto traficante”, aponta a parlamentar.

A esposa de Diogo, que está grávida de nove meses, afirma que ele enviou a mensagem de forma ingênua, sem imaginar que isso acarretaria em algum crime. Uma carta assinada por amigos do Mixunga, pelo Movimento Negro de São Leopoldo e pela UNEGRO São Leopoldo também aponta o caráter racista da prisão e a ingenuidade de Mixunga ao avisar o vizinho. “Quem, com conhecimento da lei, revelaria isto à policia se soubesse que o fato configuraria obstrução? Os policiais, em sua abordagem desastrosa, seletiva e no intuito de levar alguém preso, Mixunga, sem antecedentes policiais, foi conduzido ao Denarc e autuado em flagrante pela prática de tráfico de drogas”, afirmam.

Familiares, amigos e representantes do movimento negro realizaram um ato em frente ao Ministério Público de São Leopoldo pedindo justiça para Mixunga. O vereador de Porto Alegre Matheus Gomes (PSOL) participou da mobilização e informou Luciana Genro sobre o caso, no qual a deputada passou a atuar prontamente. Gilvandro Antunes, assessor do mandato e representante do Movimento Vidas Negras Importam, acompanha o caso de perto, em contato com amigos do Mixunga.

“Quando a pessoa é preta e pobre, o sistema de Justiça age sobre a presunção da culpa, e não da inocência. Se o Diogo fosse um jovem branco, de classe média, e fosse achada droga em outro imóvel, todo o sistema de Justiça ia cooperar no sentido de presumir a inocência”, destaca Gilvandro.