Luciana Genro foi à casa de Adriano e Melissa, em São Leopoldo.
Luciana Genro foi à casa de Adriano e Melissa, em São Leopoldo.

| Direitos Humanos | Notícias

A deputada estadual Luciana Genro (PSOL) conheceu, neste sábado (09), o policial militar Adriano Machado dos Santos, que foi baleado em um assalto em 2018, e sua esposa, Ane Melissa Brentano. O casal mora em uma casa funcional da Brigada Militar no terreno da Escola Estadual Caic Madezati, em São Leopoldo, local onde Adriano já vivia antes de ser ferido, mas que agora representa mais um obstáculo na recuperação dele. Atingido por um tiro no pescoço, Adriano está confinado a uma cama, sem movimentos na maior parte do corpo, com exceção do rosto e da mão direita, necessitando de traqueostomia e alimentação por sonda.

Em agosto de 2018, Adriano saiu do trabalho, buscou Melissa e ambos foram até a casa dos pais dela para recolher sua correspondência, pois não recebem as cartas na casa onde vivem, no terreno de uma escola. Lá, sofreram uma tentativa de assalto em que o policial entrou em luta corporal com o assaltante e acabou baleado com a própria arma. O tiro acertou o pescoço e bloqueou a circulação de sangue no cérebro dele, como explica Melissa. Adriano foi encaminhado primeiramente para o Hospital Centenário, mas logo foi transferido para o Hospital da Brigada Militar, o que a esposa alega ter sido um erro.

“Não deveriam ter transferido ele dentro de 24h. Outros médicos que consultamos posteriormente disseram que não era pra ele ter ficado assim, que o projétil atravessou a língua, mas pela demora no atendimento aconteceu tudo isso. No HBM, não tinham estrutura, então tiveram que pedir aparelhos emprestados e demorou”, afirma. Após sair do hospital, Adriano foi para casa, onde Melissa cuidou dele sozinha por um ano e meio. Atualmente, ele conta com duas enfermeiras, além de fisioterapeuta e fonoaudióloga, e vive em uma cama hospitalar.

Casa funcional onde o casal vive tem um degrau alto que impossibilita acessibilidade por cadeira de rodas.

A luta de Melissa, que inclusive parou de trabalhar para cuidar do marido, é para que ele seja transferido para uma clínica de reabilitação neurológica, em Campo Bom. “Estamos há 4 anos nessa situação. Ele tem que ter uma qualidade de vida. Aqui, ele não consegue sair da cama”, conta. Adriano já vivia no local devido a um programa da Brigada Militar que fornece moradia para policiais dentro dos terrenos de escolas, por motivos de segurança.

A casa não comporta equipamentos para que ele possa fazer uma reabilitação que poderia inclusive possibilitar que ele conseguisse andar de cadeira de rodas. No entanto, com um degrau alto na entrada, a casa também não teria acessibilidade para que ele possa sair em cadeira de rodas. Além disso, o local também não tem estrutura para que ele consiga tomar banho no chuveiro.

Com a traqueostomia, Adriano fala com dificuldade, mas consegue se comunicar, e afirmou querer ir para a clínica para que consiga evoluir em sua recuperação. “Temos o laudo médico recomendando a ida dele para a clínica. Ele deveria fazer fisioterapia diariamente, mais intensiva, além de todos os tratamentos aos quais poderia ter acesso. A BM quer que eu coloque ele numa clínica geriátrica, mas ele é jovem e precisa de tratamento neurológico”, sustenta Melissa.

Adriano já vivia na casa, no terreno de uma escola estadual, antes do ocorrido.

A corporação diz não ter dinheiro para pagar os custos da clínica, mas ela aponta que os gastos com fisioterapeuta, fonoaudióloga e enfermeiras já correspondem a um valor aproximado ao que gastariam lá. A alimentação especial de Adriano é paga pela própria esposa, que já vendeu terrenos que a família possuía para pagar o tratamento do marido.

Comissão de Direitos Humanos

Emocionada ao conhecer Adriano e com o relato de Melissa, a deputada Luciana Genro levou o caso à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa. “O Adriano é um homem jovem, que poderia se reabilitar se tivesse o tratamento adequado. A BM tem fornecido a ele cuidadoras e a oferta de ir pra uma clínica geriátrica, mas não está aceitando pagar uma clínica de reabilitação, que é a única esperança dele ter uma vida melhor”, disse Luciana aos deputados da Comissão.

Ela relatou que a casa onde o casal vive não tem estrutura para que Adriano tome banho no chuveiro ou saia para o pátio para pegar sol. “A Melissa, sua esposa, é uma mulher guerreira, lutadora, que parou de trabalhar e tem se dedicado incansavelmente a ajudá-lo a conviver com essa situação extremamente difícil. Ela está lutando para que a Brigada Militar financie essa clínica de reabilitação neurológica”, colocou. A deputada pediu aos demais parlamentares que a Comissão acione a BM e o governo para intervir em favor de Adriano e Melissa.

“Não é possível que um soldado com mais de 10 anos de serviço seja confinado a uma cama, sem poder se mexer, enquanto tem a oportunidade de se reabilitar. Queremos que a Brigada e o governo tenham a sensibilidade e transferi-lo para essa clínica, que já atestou que pode acolhê-lo e dar oportunidade a ter uma qualidade de vida muito maior”, disse Luciana Genro. A Comissão irá dar os encaminhamentos solicitados pela deputada e acionar a BM e o governo estadual sobre o assunto.