Deputada Luciana Genro cobrou providências e pediu explicações ao presidente do IPE Saúde, Bruno Jatene.
Deputada Luciana Genro cobrou providências e pediu explicações ao presidente do IPE Saúde, Bruno Jatene.

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A crise no IPE Saúde vem sendo acompanhada pela deputada estadual Luciana Genro (PSOL), que tem participado de reuniões com a direção do instituto, feito cobranças e solicitado esclarecimentos. No dia 5 de maio o tema será tratado em uma audiência pública na Comissão de Segurança e Serviços Públicos, em que a parlamentar é uma das proponentes. Serão ouvidos usuários, pacientes e servidores públicos que utilizam o convênio e vêm enfrentando dificuldades na realização de consultas, cirurgias e demais procedimentos oferecidos pelo plano.

Com quase 1 milhão de usuários, o IPE Saúde enfrenta um déficit histórico em suas finanças, com mais despesas do que receitas. “Um dos motivos é o congelamento do salário dos funcionários públicos, que acaba congelando também os valores repassados ao convênio”, diz Luciana Genro.

O plano de saúde principal do IPE atende aos funcionários públicos estaduais, que pagam um percentual de contribuição sobre seus salários. São 323,6 mil segurados nesta categoria e 257,4 mil dependentes – estes últimos, isentos da cobrança mensal. Além disso, há 194,6 mil usuários que são funcionários de prefeituras, câmaras municipais e autarquias. Outros 31,9 mil são os chamados optantes, aqueles que não possuem mais vínculo de trabalho com o estado mas decidiram seguir vinculados ao IPE. Por fim, 177,6 mil integram o Plano de Assistência Médica Complementar do instituto.

Rede de prestadores de serviço credenciada ao IPE Saúde.

“Uma crise dessa magnitude no IPE coloca em risco o atendimento oferecido a todo esse universo de pacientes. Não podemos permitir que essas pessoas, que contribuem muito ao plano, não recebam de volta um serviço de qualidade e que supra todas as necessidades previstas no convênio”, entende a deputada.

Ao todo, o IPE Saúde deve mais de R$ 1 bilhão a prestadores de serviço, especialmente hospitais e clínicas, que registram a maior parte do passivo. Entre 2018 e 2021, o instituto registrou receitas de R$ 9,8 bilhões e despesas de R$ 10,4 bilhões. Só no último ano foram realizados 15,9 milhões de atendimentos pelo plano.

Em reunião com os deputados estaduais nesta terça-feira (06/05), o presidente do IPE Saúde, Bruno Jatene, explicou que metade da dívida do instituto encontra-se dentro do prazo de 60 dias para realização dos pagamentos. Ele informou que o órgão está tomando providências para reduzir despesas com a remuneração de medicamentos e de próteses pagos aos hospitais, atualizando uma tabela que vinha sendo paga acima de valores exigidos pelo mercado.

A deputada Luciana Genro esteve na reunião e cobrou do presidente denúncias de que os usuários estariam precisando pagar a mais aos prestadores de serviço para realizar cirurgias, como é o caso da Traumatologia.

Uma nova reunião será realizada pelos deputados, que deverão visitar a sede do IPE Saúde. Atualmente, o instituto conta com apenas 164 funcionários, que são responsáveis pelo atendimento administrativo e burocrático de todos os quase 1 milhão de usuários. “Só neste dado temos resposta para o motivo de uma série de problemas relatados pelas pessoas, como a impossibilidade de conseguir até mesmo falar ao telefone com o IPE”, critica Luciana Genro. Em resposta, Bruno Jatene informou que será aberta uma nova central de atendimento do IPE Saúde, com a intenção de melhorar o relacionamento com os usuários.