Ocupação permanece mobilizada enquanto acontecem negociações com prefeitura, UFRGS e MP. | Foto: Samir Oliveira
Ocupação permanece mobilizada enquanto acontecem negociações com prefeitura, UFRGS e MP. | Foto: Samir Oliveira

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A pedido da deputada Luciana Genro (PSOL) a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia ouviu, nesta quarta-feira (23/03), a estudante indígena Luana Kaingang e o integrante do DCE da UFRGS, Patrick Veiga. Eles reivindicam que, após inúmeros casos de racismo, em especial na Casa do Estudante, seja criada uma Casa do Estudante Indígena pela UFRGS. Atualmente esses alunos, oriundos de povos Kaingang, Xokleng e Guarani, estão ocupando a área onde fica o prédio da antiga Secretaria Municipal de Indústria e Comércio (Smic) de Porto Alegre.

“Não podemos encarar com naturalidade essas manifestações de racismo e discriminação dentro da casa de estudante. Um choque de culturas não pode redundar em hostilidades. Isso não pode ser tolerado em nenhum espaço da universidade” denunciou a deputada, que esteve na ocupação na última semana e sugeriu que a Comissão acompanhe oficialmente o caso.

“. Um choque de culturas não pode redundar em hostilidades. Isso não pode ser tolerado em nenhum espaço da universidade!,” denunciou Luciana Genro.

Diante da situação a CDH oficiará a Reitoria da universidade e o Ministério Público, prestando solidariedade aos estudantes e se colocando à disposição para participar das negociações, que já estão acontecendo. Luciana Genro ainda solicitou que a Comissão manifeste à Reitoria a preocupação acerca dos relatos de situações racistas e discriminatórias na universidade, que precisam ser apuradas e combatidas em todas as instâncias.

Luana Kaingang, uma das lideranças do movimento, relatou que até bananas podres foram colocadas na porta dos quartos dos indígenas, quando estavam na Casa do Estudante. Disse ser complicado viver dentro de uma universidade que se nega a enxergar os povos indígenas.

“Dissemos basta sobre o racismo que sofremos por estudantes não indígenas, que não querem a gente naquele espaço e deixam claro,” disse Luana Kaningang.

“Assumimos essa luta a partir do momento que cansamos de pedir à universidade um posicionamento sobre o caso. Dissemos basta sobre o racismo que sofremos por estudantes não indígenas, que não querem a gente naquele espaço e deixam claro. Nós estamos nos dispondo a fazer uma troca de interculturalidade dentro da universidade, mas esse território se nega a receber a sabedoria dos nossos ancestrais,” desabafou a estudante, que ainda afirmou a necessidade de um espaço adequado para as estudantes mães ficarem com seus filhos.

“Uma coisa é a política de cotas, que nos coloca dentro da universidade. Outra são as políticas de permanência, que garantem ou impedem que sigamos naquele espaço até a diplomação,” disse Patrick Veiga.

O DCE da UFRGS e coletivos de juventude, como o Juntos, estão apoiando a ocupação dos estudantes indígenas. Patrick Veiga lembrou que essa é uma demanda que vem sendo reivindicada pela comunidade indígena há muito tempo e que é urgente que se pense para além da entrada desses alunos na universidade. “Uma coisa é a política de cotas, que nos coloca dentro da universidade. Outra são as políticas de permanência – e a falta delas -, que garantem ou impedem que sigamos naquele espaço até a diplomação,” explicou.

Confira abaixo mais fotos da ocupação no álbum do Flickr:

Ocupação pela Casa do Estudante Indígena