Gustavo Duarte foi ouvido na Comissão a convite da deputada Luciana Genro.
Gustavo Duarte foi ouvido na Comissão a convite da deputada Luciana Genro.

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A convite da deputada Luciana Genro (PSOL), o professor de Educação Física e Dança da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Gustavo Duarte, falou aos deputados da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa sobre um episódio de homofobia pelo qual passou dentro da instituição. O mandato da deputada vem prestando apoio a Gustavo e a Comissão se comprometeu a enviar um ofício à universidade e acompanhar a denúncia de perto nas diversas instâncias. A denúncia foi feita na manhã desta quarta-feira (23/02).

O professor relata que trabalha com a formação de docentes e leva para as aulas questões de gênero e sexualidade, mas que nunca havia sofrido nenhum tipo de violência dentro ou fora da universidade, pela qual inclusive é formado. Atualmente, Gustavo ocupa o cargo de vice-diretor no Centro de Educação Física e Desporte e, na ocasião do ocorrido, estava substituindo o diretor. “Desci na lancheria para buscar um café, passei por um colega e o cumprimentei com ‘bom dia’. Ele já tem uma fama de arrogante, já tem processos de outras agressões verbais a outros colegas. Passei por ele, dei um ‘bom dia’ e ele proferiu xingamentos que não irei repetir aqui. Eu fiquei paralisado, com medo e entrei na lancheria. Fiquei uns minutos ali, depois saí e então voltei para a minha sala na direção. Fiquei bem magoado, chocado”, relatou Gustavo.

O professor então foi acalmado por dois colegas e de imediato registrou a denúncia na Ouvidoria da universidade, indo em seguida na Polícia registrar um boletim de ocorrência. Ele está sendo assistido por um advogado e passou a se consultar com um psiquiatra e tomar medicação após a agressão. “Fiquei afastado com atestado por 15 dias. Me senti sozinho também nisso. Alguns movimentos sociais, ONGs e vereadores estão me apoiando, mas me vi sozinho dentro do departamento. Estou com medo de voltar à UFSM, o atestado termina e preciso voltar agora. Além desse desacato, eu sou chefe dele também”, aponta.

Comissão irá acompanhar de perto processos internos da universidade e na polícia.

Gustavo pediu ajuda da Comissão e visibilidade ao caso, para que seja feita justiça, e agradeceu à deputada Luciana Genro e aos demais integrantes da CCDH. O presidente da Comissão, deputado Airton Lima, afirmou que os deputados irão encaminhar um ofício para a UFSM para que faça apuração completa desse caso e dê uma resposta aos parlamentares sobre o caso. Luciana Genro também encaminhou que a equipe da Comissão verifique quais medidas jurídicas e policiais já foram tomadas pelo advogado de Gustavo para que possa se somar às iniciativas.

“Quero encaminhar primeiramente a nossa absoluta solidariedade, que ele se sinta acolhido, que sua demanda vai ter visibilidade e acolhida na nossa Comissão. E também podemos nos somar com ofícios da própria Comissão, dirigidos à Delegacia da Intolerância, ou à delegacia encarregada do assunto e à reitoria da universidade, manifestando a nossa preocupação e a nossa expectativa de que esse caso não passe em branco”, afirmou Luciana Genro.