Motofretistas que atuam na Região Metropolitana de Porto Alegre conversaram com a deputada estadual Luciana Genro (PSOL) e a deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL) em live nesta quinta-feira (1º) sobre os desafios da categoria durante a pandemia da Covid-19. Motoboys, motogirls e mototaxistas estão entre as profissões que não pararam de trabalhar, arriscando suas vidas durante toda a pandemia. Para que o isolamento social de parte da população seja possível, eles levam comidas, compras, remédios, documentos até as nossas casas. 

As deputadas colocaram seus mandatos à disposição dos profissionais e nos próximos dias devem encaminhar ofícios ao presidente da República, ao governador Eduardo Leite, ao ministro da Saúde e aos prefeitos de Canoas, Jairo Jorge, e de Porto Alegre, Sebastião Melo, solicitando a inclusão dos motofretistas no grupo prioritário de vacinação, uma vez que trata-se de uma categoria essencial no combate à pandemia.   

Deputadas oficiarão poderes municipais, estadual e federal em busca da inclusão dos
motofrestistas no grupo prioritário de vacinação

 Luciana Genro explicou que o Plano Nacional de Vacinação é estabelecido pelo Ministério da Saúde e que os governadores e prefeitos ficam receosos de agir fora do que está determinado, por medo de depois serem responsabilizados 

“Diversos prefeitos garantem a vacinação na ordem estabelecida pelo Ministério da Saúde e passaram a incluir outras categorias. Vamos fortalecer esse pleito dos motoboys e motogirls para que sejam vacinados o quanto antes. Só estamos debatendo a vacina porque Bolsonaro não providenciou vacina para todos. Agora estamos sabendo que não foi só porque ele era contra as vacinas, mas porque ele queria propina em cima da vacina. É preciso se organizar e lutar para mudar essa situação,” disse a deputada. 

A deputada federal Fernanda Melchionna lembrou que pelo menos metade da população já poderia estar vacinada se o presidente tivesse atuado de forma ética na compra das vacinas. Ela ainda disse que durante a pandemia aumentaram as tele-entregas de todo tipo de produto, potencializando a exposição dos trabalhadores ao vírus. “Vamos batalhar pela vacinação para todos e que a categoria dos motofretistas seja contemplada com prioridade,” se comprometeu. 

Organização sindical é fundamental 

Fernando Fontoura, delegado sindical do Sindimoto Canoas, conta que quando explodiu a crise pandêmica, no início de 2020, o Brasil todo parou e uma das poucas categorias que não parou foi a dos motoboys e motogirls. Conta que no último período, com o desemprego crescente, muitas pessoas viram nas entregas a possibilidade de sustentar a família.  

“Nossa categoria é muito propensa à contaminação, pelo deslocamento e contato em diversos espaços. Aumentou o trabalho, já que as pessoas que não querem se expor ao vírus acabam pedindo o que precisam por tele-entrega. Estamos na linha de frente com o nosso trabalho, possibilitando que muitos possam cumprir o isolamento social,” desabafou o sindicalista. 

Ele estacou a importância e necessidade da organização para que se conquiste a vacinação destes trabalhadores o quanto antes. Por fim, disse ser absurdo que autoridades façam negociata em cima das vidas pessoas.  

“O Sindimotos do RS foi a primeira entidade a reivindicar a vacinação para os motofrestistas. Só os trabalhadores livrarão as amarras dos próprios trabalhadores. A gente vai pra cima dos governos, botar nossos trabalhadores na rua e lutar pela nossa vacina,” disse Fernando, questionando se a vida de meio milhão de brasileiros vale um dólar e sobre o que falta para que o governo reconheça esses trabalhadores e trabalhadoras como essenciais.  

Organização da categoria é fundamental para avançar no
debate: trabalhadores vão às ruas dia 3 de julho

Douglas Benites, também delegado sindical do Sindimoto Canoas, acredita que, mais do que nunca, é o momento para debater, discutir e mobilizar a categoria. “A luta sindical é a única que realmente vai fazer o povo trabalhador ter dignidade, comer churrasco no final de semana, trabalhar 8 horas, dormir 8 horas, ter tempo com a sua família… A única instituição que hoje pode e vai lutar pelos direitos, necessidades e interesses da classe trabalhadora é o movimento sindical,” afirma. 

Com a mãe hospitalizada em decorrência da Covid-19, Douglas confidencia que se sente pessoalmente agredido ao presenciar discursos negacionistas, que desconsideram a gravidade do vírus ou que propagam a desinformação.  

“O nosso país é referência no mundo todo em vacinação. Temos o SUS, referência mundial. O SUS salva vidas, ele não! São milhares de outros brasileiros passando a mesma tortura que eu. É para a sobrevivência do país, da nação, da minha categoria, de outras tão sucateadas quanto a minha, que dia 3 de julho vamos às ruas. Porque estamos do lado certo da história,” falou, convocando seus irmãos e irmãs do asfalto para se somarem aos protestos do próximo sábado reivindicando a vacinação da categoria.