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Aglomerações para fazer o exame físico; espera de horas nas filas; falta de tempo para preparo; prejuízo aos mais antigos; impossibilidade de realizar o concurso por parte daqueles machucados ou com problemas de saúde. Essas são algumas das questões enfrentadas pelos praças da Brigada Militar que buscam realizar o Curso Técnico em Segurança Pública (CTSP). Elas foram levadas pela deputada Luciana Genro (PSOL) e pelo presidente da Abamf (Associação Beneficente Antonio Mendes Filho, uma das entidades que representa os praças da BM), José Clemente, à Comissão de Segurança e Serviços Públicos da Assembleia Legislativa nesta quinta-feira (27).

“Há muita controvérsia em torno desse concurso, que veio no bojo de uma campanha muito forte dentro dos praças da Brigada em defesa da modernização da sua carreira. Eles só podem ascender a sargento por esse concurso, e os brigadianos antigos estão muito preocupados porque as dificuldades para fazer o concurso são muito grandes”, iniciou Luciana Genro. A deputada trouxe diversos relatos que chegaram ao seu mandato nos últimos dias de situações de desrespeito e irregularidades com os praças que precisam fazer o CTSP – que, na prática, é um concurso interno para os brigadianos de nível médio ascenderem de patente.

Enquanto os brigadianos esperam que haja uma modernização na sua carreira, o governo realiza o concurso que coloca a tropa em uma disputa interna pelas vagas existentes, conferindo larga vantagem aos chamados “mais modernos”, aqueles que estão na corporação a menos tempo e são mais jovens. Os brigadianos que estão afastados por problemas de saúde ou que não têm condições físicas de fazer o teste de aptidão, inclusive por sequelas do coronavírus, não têm chances de serem promovidos. “Em todas as edições de CTSP, essa foi a primeira vez que o teste de aptidão física foi cobrado antes da prova intelectual, justamente durante a pandemia, em que eles não conseguiram manter as atividades físicas em dia, porque inclusive as academias estiveram fechadas”, colocou Luciana Genro.

José Clemente afirmou que o CTSP está causando “inúmeros problemas para a categoria”, citando as aglomerações e filas que estão ocorrendo em frente ao Hospital da Brigada Militar para a realização do exame físico. “É um tratamento desumano, muitos saem do serviço às 7h e vão para lá, muitos vão de madrugada para aquela fila, alguns de noite, para poder levar seus exames”, relatou.

José Clemente relatou os inúmeros problemas que o CTSP vem causando.

Clemente reiterou que não havia necessidade desse concurso ser realizado caso a modernização da carreira tivesse sido encaminhada com maior agilidade. “Temos soldados com mais de 25 anos de serviço que querem sua promoção e na angústia estão procurando esse caminho, mas muitos não conseguirão atingir seus objetivos e estarão frustrados. Essa não é a melhor proposta”, lamentou. Luciana Genro destacou que o governo deu andamento recentemente à proposta de modernização de carreira, mas enquanto isso decidiu realizar o CTSP. “O governo está jogando os praças contra eles mesmos numa disputa interna por uma vaga, numa situação de pandemia, em que eles não conseguem se preparar adequadamente, ao invés de mandar o projeto de modernização para a Assembleia”, colocou a deputada.

Ainda durante a reunião, tanto Luciana Genro quanto o presidente da Comissão, Edegar Pretto (PT) receberam fotos de filas e aglomerações ocorrendo naquele momento devido ao CTSP, mesmo após o comando da BM afirmar à deputada que a situação não estava se repetindo. A deputada encaminhou que seja feita uma interpelação, em nome da Comissão, sobre a realização do concurso no momento de pandemia e a necessidade do exame físico anterior ao exame intelectual, considerando que não há sequer academias abertas para os praças se prepararem.

“Deveria ser feito depois, inclusive depois da pandemia. E que seja imediatamente suspensa qualquer aglomeração. Claro que há vontade de muitos de fazer o concurso para tentar promoção, mas ao mesmo tempo a modernização da carreira é que poderia oferecer uma possibilidade mais democrática de ascensão profissional”, afirmou.