Deputada Luciana Genro (PSOL) | Foto:  André Lisbôa, ALRS
Deputada Luciana Genro (PSOL) | Foto: André Lisbôa, ALRS

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Artigo de Luciana Genro, originalmente publicado no jornal Zero Hora em 19/02/21

Com o início de mais um ano letivo, muito tem se falado sobre o tipo de volta às aulas adequado para a situação que vivemos. As posições oscilam entre a defesa do retorno presencial, a busca pelo ensino remoto ou a construção de um modelo híbrido.

Após quase um ano de pandemia, é indiscutível que os efeitos de se manter as crianças longe dos espaços físicos e de convivência das escolas e confinadas em casa são pesados demais para qualquer família. Ao mesmo tempo, as mais de 230 mil vítimas do coronavírus que o país já enterrou – e segue enterrando em ritmo de mil por dia – são uma lembrança macabra de que, em uma pandemia que se espalha pelo contato físico, a prioridade de toda a sociedade deveria ser proteger a vida.

A experiência com o ensino remoto em 2020 expôs o fosso existente entre a escola particular e a rede pública. Muitos professores e alunos não possuem condições básicas de aprendizado à distância, por não terem recursos para adquirir equipamentos de qualidade. E não se trata de um problema simplesmente técnico. Como garantir o aprendizado de um aluno que vive em uma casa de um ou dois cômodos com toda a sua família, por exemplo?

Se o ensino remoto apresenta dificuldades, no chão da escola a situação é ainda mais dramática. Um estudo recente do Dieese mostrou que mais de 300 escolas estaduais gaúchas não possuem sequer banheiro próprio e somente 26,2% fornecem água potável. Como falar em ensino presencial com segurança nestas condições?

No centro deste debate está a campanha de vacinação em curso, que ocorre a passos lentos, emperrada pela criminosa política negacionista de Bolsonaro. Se a educação é, de fato, uma prioridade, por que não estamos testando e imunizando professores e funcionários de escolas? É preciso exigir que os trabalhadores em educação recebam a vacina rapidamente. Além disso, uma política de testagem em massa nas escolas também diminuiria os riscos. Essas deveriam ser as condições mínimas para se falar em retorno presencial às aulas.