No início da pandemia no Brasil se debatia se devíamos priorizar a economia ou a saúde. Onze meses depois, com as novas cepas do vírus indicando que estamos longe do fim, chegamos a 247 mil mortos, desemprego, desespero, falência e miséria. Tanto na saúde, quanto na economia, a política de Bolsonaro tem nos conduzido ao caos.
Economistas de diferentes matrizes ideológicas apontam um cenário trágico para 2021 e recomendam que o auxílio emergencial seja estendido. Mas o governo faz chantagem. A proposta de PEC emergencial vincula o prolongamento do auxílio à liberação de investimento MÍNIMO em SAÚDE e EDUCAÇÃO. Inacreditável! No país que, apesar de Bolsonaro, a saúde e a educação públicas têm salvado vidas.
O governo pode escolher outro caminho. A Argentina, por exemplo, aprovou o imposto sobre grandes fortunas que incide em apenas no 1% mais rico do país. São 11.850 argentinos com patrimônio acima de 2,3 milhões de dólares. Com alíquota progressiva que fica entre 2% a 5,5%, essa medida pode gerar uma arrecadação de 3,6 bilhões de dólares.
A taxação de grandes fortunas é um imposto previsto na Constituição brasileira. Quando deputada federal, eu apresentei um projeto para sua regulamentação, mas nunca foi interesse dos governos usar esse dispositivo para combater a desigualdade no país e ampliar o investimento em áreas sociais.
Neste momento, taxar as grandes fortunas seria uma saída legal, justa e eficaz. A melhor medida econômica nesse cenário crítico. Taxa-se apenas quem tem patrimônio milionário, garante-se renda mínima para a população mais empobrecida. Também é uma forma de viabilizar o isolamento social mínimo e, ainda por cima, movimenta a economia do país.
Nos próximos dias vamos ver qual o caminho escolhido por Bolsonaro e a maioria dos deputados federais. Teremos certeza se o debate é realmente sobre priorizar a economia do país ou apenas a manutenção dos privilégios de uma casta em detrimento do desenvolvimento da maioria.