Por Luciana Genro
Hoje é o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Devemos nos perguntar: liberdade de imprensa para quem? Para estas oito famílias, que controlam a maior parte dos veículos de comunicação no país. Por isso em 2014 eu fiz questão de abrir o debate presidencial na Rede Globo denunciando a emissora, que passou a campanha inteira dando visibilidade apenas a três candidaturas.
A Constituição proíbe que políticos detenham meios de comunicação. Mas em muitas regiões do país as redes afiliadas são de propriedade de oligarquias políticas, como a família Magalhães na Bahia, a família Collor em Alagoas, os Barbalho no Pará e os Sarney no Maranhão. O coronelismo eletrônico é inimigo da liberdade de imprensa e da pluralidade de ideias.
A concentração midiática também. O estudo “Monitoramento da Propriedade da Mídia” mostra que os grupos Globo, Bandeirantes, RBS, Folha e Edir Macedo controlam 26 dos 50 meios de comunicação com maior audiência no Brasil. Só poderemos falar em liberdade de imprensa quando este sistema por democratizado, com o fim da propriedade cruzada, a fiscalização das concessões, o incentivo aos conteúdos locais – afinal o Brasil não se resume ao eixo Rio-São Paulo – e a ampliação de vozes na mídia, com a comunicação pública e os veículos comunitários e alternativos.
O ranking da liberdade de imprensa em 2018 elaborado pela ONG Repórteres Sem Fronteiras coloca o Brasil na 102ª posição entre os 180 países analisados. Em 2017 foram 262 jornalistas presos em 39 países. A Turquia lidera este ranking infame, com 73 profissionais detidos. E 46 jornalistas foram assassinados exercendo a profissão no ano passado, a maior parte no Iraque e na Síria.