Card_Água
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| Debates | Meio Ambiente

O encontro de Temer com Paul Bulcke, presidente da Nestlé, e a realização do 8º Fórum Mundial da Água fazem parte da tentativa de consolidação de acordos entre o governo brasileiro e empresas com vistas à privatização da água no país.

O processo de privatização acontece pela concessão de fontes por meio de parcerias com prefeituras, pelo engarrafamento e venda, e com participação e controle de empresas privadas em empresas de saneamento.

Essa privatização é muito ruim para o meio ambiente e para a saúde da população. A má distribuição e a escassez são agravadas diante da apropriação da água para fins comerciais. Entre vários exemplos sobre os resultados ruins, está São Lourenço/MG, onde há uma parceria de 25 anos com empresas (atualmente com a Nestlé) e uma das fontes secou. Inclusive, o caso está sendo investigado pelo Ministério Público.

Além disso, as privatizações são o fio condutor do neoliberalismo. Passa-se a ideia que o controle dos bens públicos pelo setor privado é a solução para todos os problemas. Mas na prática o que tem acontecido é a busca incontrolável pelo lucro aprofundar os problemas existentes, gerar impactos ambientais irreparáveis e ainda gozar da impunidade, como vimos em Mariana, com a Samarco, em 2015, e no Pará, recentemente, com a Hydro Alunorte.

Felizmente, os movimentos sociais e socioambientais representam um importante elemento de resistência para não permitir que determinados setores econômicos privatizem o abastecimento de água, o tratamento de esgotos e outros serviços envolvendo esse recurso natural. Nesta semana está ocorrendo no Brasil o Fórum Alternativo Mundial da Água (FAMA) que pretende unificar a luta contra a tentativa das grandes corporações em transformar a água em uma mercadoria, privatizando as reservas e fontes naturais de água.

Para saber mais sobre o assunto sugerimos a entrevista: “Combinação totalitária entre agronegócio e hidronegócio ameaça direito à água”, diz biólogo, com o Paulo Brack para o Sul21.