Por Luciana Genro
É bem possível que a história de Autherine Lucy seja desconhecida para a grande maioria da população, por isso hoje vamos falar sobre ela. Há exatamente 62 anos, no dia 6 de fevereiro de 1956, uma multidão protestava nos Estados Unidos contra o ingresso da primeira mulher negra na Universidade do Alabama.
Lucy só conseguiu se matricular após garantir este direito com uma ação na Justiça, pois a universidade havia revogado seu ingresso ao descobrir que tratava-se de uma pessoa negra. Mesmo com a vitória judicial, houve forte mobilização dos racistas contra sua entrada na universidade. O carro que a conduziu até as aulas foi atacado e a polícia teve que ser chamada. A universidade decidiu expulsar Lucy, alegando que os protestos eram um risco à sua segurança. Num país profundamente racista e segregador como os Estados unidos, os negros eram penalizados até quando eram vítimas de perseguição racista. Mesmo no curto período em que conseguiu frequentar as aulas, Lucy era impedida de acessar os dormitórios e refeitórios frequentados pelos brancos.
Somente em abril de 1988 a Universidade do Alabama anulou a expulsão de Lucy. Ela foi readmitida e conseguiu concluir seus estudos em Pedagogia. Hoje a instituição possui uma bolsa de estudos em seu nome um retrato de Lucy com os dizeres: “Sua iniciativa e coragem conquistaram o direito de estudantes de todas as raças frequentarem a universidade”.
Autherine Lucy está viva até hoje, com 88 anos. Sua história e sua luta seguem atuais e necessárias. As mesmas bandeiras racistas que se ergueram nos protestos contra sua matrícula na universidade ousaram tremular nos Estados Unidos após a posse de Trump. Que a resistência de mulheres como Lucy e tantas outras inspirem nossas lutas do presente!