*Artigo do ator e escritor Gregorio Duvivier, originalmente publicado na Folha de São Paulo no dia 12/06/17.
Um sonho: indicar as pessoas que me julgam. Se um dia eu cometer algum crime grave, como receber caixa dois ou receber um açougueiro investigado à meia-noite pra incentivar o suborno de um deputado, queria indicar para o TSE a Babi, que criou o fã clube Put_Some_Greg, a Shanara, do FC_Greg e ao Caio, do FantásticoGregorio. É uma lista tríplice, vocês podem escolher qualquer um deles. Ah, também tem a Grazzy, da Família Duvivier, que acredito que faria um ótimo trabalho, bem imparcial.
Um sonho: me relacionar com os haters assim como o Temer se relaciona com a Polícia Federal: simplesmente não respondendo. Que maturidade. Temer põe o dedo no ouvido e cantarola “lalalaiá, não estou ouvindo”. Temer alega que as perguntas da Polícia são “invasivas” e “inoportunas” –como assim “que cadáver é esse no meu porta-malas? isso não é da sua conta, senhor policial”. O presidente eternamente interino esperava que a Polícia Federal fizesse perguntas mais ao estilo do Noblat: “como foi que o senhor conheceu a Marcela?”. (Por sorte, Janot deve sair em agosto. Parece que o nome de Noblat está cotado)
Um sonho: entender o que Napoleão Maia quis dizer com a frase “se o processo não tiver final, não vai ser um bom fim”. Entender qual relação do profeta islâmico com o fato do ministro estar citado na delação da OAS. Entender porque o filho dele tinha tanta pressa em entregar fotos impressas da filha para o avô (“nossa, o papai não tá respondendo no WhatsApp mas ele tem que ver essa fofura que ela fez hoje, nem que pra isso eu precise imprimir as fotos e interromper o julgamento do presidente da República”).
Um sonho: ter a cara de pau do ministro Admar Gonzaga, que no meio do julgamento pôs um fone de ouvido. Indagado sobre o que estaria ouvindo, alegou que não estava conseguindo ouvir o relator (que estava ao seu lado), então resolveu sintonizar na Rádio TSE pra ouvi-lo melhor. Gênio.
Um sonho: administrar o meu tempo tão bem quanto o ministro Gilmar Mendes. Mesmo tendo que analisar um processo de 7.000 páginas, Gilmar tem tempo pra entrar no Facebook, fuxicar com ex-ministros da Justiça, passear de jatinho com o presidente, criar conta no Twitter, almoçar com o presidente, atender a pedidos secretos de Aécio, absolver o presidente.
Um sonho: ter tanto cabelo quanto os ministros do TSE. Peruca, implante ou finasterida, seja o que for, continuem. Tá funcionando.